Nightmare Wings - Gaia Online Vampire kiss: setembro 2010

Linke-me


domingo, 19 de setembro de 2010

CAPÍTULO 12 - Suspeitas

Pensei em desviar da mão que se aproximava de meu rosto com as piores das intenções, mas não achava coragem para arriscar. Senti as lagrimas se acumulando nos meus olhos.
A menos de 1 centímetro de me tocar outra pessoa segura seu braço, e pelo grito de agonia que o homem deu, deve ter sido bem forte.
- Meu...Meu braço... Como conseguiu? Argh.. - Foi o que o homem disse antes de voltar a atenção para sua dor.
Derrepente alguém me puxava para perto de si, e eu, me senti segura e muito aliviada. Por pouco não fui vítima de 4 homens mal intencionados. Muito pouco...
- Fiquem longe dela - as palavras de Hiiro cortaram o ar, em um tom de voz ameaçador que me fez tremer. Levantei a cabeça devagar para olhar seu rosto, foi quando vi, seus olhos azuis estavam mais claros como se tivessem uma luz própria, como naquela noite na floresta quando nos reencontramos.
Foi quando meu cérebro voltou a funcionar, então virei o olhar para o homem sentado no chão, com se braço ferido. Mas como? Hiiro realmente quebrou o braço do homem? Ele é tão forte a esse ponto? Não é possível, Hiiro só agarrou o braço dele por alguns segundos, isso foi muito estranho.
-Quem é você pra cortar o nossa diversão? - Perguntou outro homem que se aproximava.
- Se você se aproximar mais um centímetro seu pescoço vai ser o próximo quebrado aqui. - Aquele mesmo tom de voz continuava, e eu estava começando a ficar com medo de Hiiro. O homem que tinha se aproximado olhou o colega com seu braço ferido, e recuou.
Hiiro me puxou pra longe deles,e me senti mais tranquila depois de entrar no carro. Quando Hiiro entrou ele bateu a porta e apoiou o rosto nas nas mãos, escondendo principalmente seus olhos. Talvez eu poderia ter dito algo mas eu aprendi que, em certos momentos, um silêncio é melhor do que palavras. Passamos quase cinco minutos em silêncio total até que finalmente ouvi a voz dele.
- Você esta bem? - Pelo tom da voz pude ver que ele estava mais calmo.
- Estou sim. - Falei observando Hiiro - Mas e você?
- Não muito... Ainda estou tentando me controlar para não voltar até lá e fazer aqueles homens se arrependerem amargamente por terem pensando em fazer tais coisas com você.... - Respondeu ele, e deu pra sentir o leve toque de ira em sua voz.
- Por terem pensado? Como assim? Você por acaso lê pensamentos? - Perguntei um pouco confusa e até certo ponto desconfiada, que talvez Hiiro esconda mais segredos do que posso imaginar.
- Yasha... Por favor, não vamos mais tocar nesse assunto por um tempo ok? - Falou Hiiro, desta vez olhando pra mim, e era impossível desviar daqueles olhos azuis. Percebi que tinham voltado ao normal, mas de qualquer forma eu não creio que foi impressão minha, tem alguma coisa por trás dessa história e eu sei que vou descobrir.
Meus pensamentos voaram para longe, tentando responder as varias perguntas que se formaram sobre Hiiro neste dia. Só voltei a realidade quando, ao sair do carro, fui abraçada fortemente por Tiffany.
- Ficamos tão preocupadas!!!! - Disse Tiffany, quase que desesperada. - Esta tudo bem com você?
- Sim Tiffany esta tudo bem.... - Falei, tentando acalma-la.
- Nossa, que susto você nos deu Yasha!! - Agatha disse, respirando aliviada. - Bem agora que passou, esta na hora de voltar pra outra pessoa não acha?
- Como?
- Não ta na cara Yasha?? - Tiffany fez uma cara de "Hellooo", e quando ela viu que eu ainda não tinha entendido Tiffany segurou meu rosto e virou na direção de Hiiro, que estava a uns três metros de distância, no mínimo, de pé e olhando o movimento na rua. Quando ele me viu sorriu para mim e acenou.
- E não é mesmo? Como fui esquecer? - Falei rápido depois dei um breve tchau para as duas e corri para o lado de Hiiro que pareceu sorrir mais com a minha aproximação.
- Vamos então? - Perguntou Hiiro, pegando minha mão.
- Sim! - Respondi, e sem perceber eu corei um pouco.
Não foi de surpreender ver Tiffany e Agatha na mesma sala de cinema, mas foi uma surpresa ao ver elas sentando 6 fileiras atrás. O começo do filme foi como de se esperar, assassinatos misteriosos, o aparecimento dos heróis, as pessoas da vila duvidando deles mas aceitando por não terem outra escolha e aquilo tudo, até que chegou a parte em que eles entram na caverna do lobisomem. Legal até esse ponto mas aconteceram três coisas: A primeira é que o Lobisomem aparaceu derrepente pelo teto, a segunda foi que ele apareceu bem no meio da tela destacando a si mesmo, e a terceira.... Os caras da produção capricharam no figurino.
Levei um baita susto, mas o pior é que o encosto de braço que deveria estar me separando de Hiiro estava levantado, então nada me impediu de agarrar Hiiro. Eu corei muito e pretendia solta-lo mas então aconteceu a coisa mais imprevisível possível, o braço de Hiiro contornou minhas costas me puxando para mais perto de si. Ai sim, tenho certeza que fiquei vermelha feito um tomate.
Não prestei muita atenção no filme pra ser sincera, estava mais distraída com o fato que se Tiffany falasse tudo isso para a escola eu deveria me mudar permanentemente para a Groenlândia. Foi quando aconteceu, aquelas famosas cenas românticas do filme, quando o herói esta tendo um clima com aquela garota indefesa e muito linda da vila, então vi, o jeito que o cara olhava para garota. A ficha pareceu ter caído, então olhei para Hiiro, que, ao perceber que eu o observava, me olhou do mesmo jeito de quando ele me deixou com Tiffany e Agatha hoje mais cedo e ontem antes de ir embora, logo depois de ter me convidado pra sair, só que ao contrario do filme o sorriso e o olhar de Hiiro eram de certa forma mais lindos, talvez seja porque no filme as pessoas só fingem sentirem algo pelo outro. Com certeza este foi o dia em que minha mente bateu o recorde de perguntas sem repostas logicas ou que fizessem sentido pra mim. Mas a satisfação de saber que, de fato, Hiiro sente algo a mais por mim, fez tudo valer a pena.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CAPÍTULO 11 - Perigo

Eu tinha certeza que estava linda quando Tiffany terminou, nem precisei me olhar no espelho. Mas por precaução eu me admirei por algum tempo. Isso é um pensamento de gente esnobe na minha opnião, mas meu pensamento normal sempre tinha a palavra "Hiiro" no meio de tudo, então era melhor eu ficar com a segunda opção.
- Yasha, adivinha quem esta lá em baixo? - Perguntou Agatha, ela tinha descido para o primeiro andar, e em menos de 1 minuto ela veio com a noticia, mesmo perguntando era muito facil saber de quem ela estava falando. - Ele e seu pai estão conversando bastante.
Senti o meu estômago revirando, afinal todo mundo sabe os assuntos de pais em relação aos filhos, precisei de muito tempo, e dos empurrões de Tiffany para conseguir sair do quarto.
Então lá estava eu, descendo a escada como nos contos de fadas, mas eu me senti descendo direto para meu túmulo. Segunda-feira sera um dia muito agitado, guardem minhas palavras, e Tiffany esta muito presente neste momento é o que mais me preocupa. Desde ontem venho pensado seriamente em pegar minhas coisas e fugir para a Sibéria enquanto ainda há tempo.
Desci o ultimo degrau e tomei folego, Agatha e Tiffany vinham atras de mim me dando apoio moral, mas não acho que funcionou muito.
Logo cheguei até o corredor que levava a porta de entrada, e lá estava, Simon com seu visual casual de fim de semana, e conversando com ele o maior motivo pelo qual ainda perco a respiração, ou seja, Hiiro. Quando eu os vi, tive um impulso de voltar correndo para meu quarto e por em pratica meu plano de fuga para a Sibéria, mas para meu azar Agatha e Tiffany estavam atras de mim então conseguiram me segurar e me empurrar de encontro com o destino.
- Yasha, ai esta você. - Disse Hiiro ao me ver - E você esta linda.... - Hiiro falou enquanto me olhava de cima pra baixo.
- A-arigato.
- Eu estava falando pra ele sobre quando você vinha pra cá nas ferias, lembra Yasha?
- Le-lembro sim pai.... - Corei muito e observei meu pai com um olhar de "Ah. Não. Pai me diz agora que é brincadeira e você não fez isso".
Digamos que minhas férias em Forks não foram as mais atraentes com os vários machucados que tive e porque fiz coisas com a qual tenho vergonha té hoje. Consegui ouvir Agatha e Tiffany segurando o riso atrás de mim, em uma fração de segundos passaram todas as alternativas possíveis de fuga daquela situação, desde desviar de Agatha e Tiffany e correr para o quarto e me trancar lá pelos próximos 20 anos até na possibilidade de aliens me abduzirem naquele instante. As duas me deram um rápido tchau e sumiram porta a fora, achei estranho, conhecendo a Tiffany ela tinha algo em mente. Bom pelo menos não tinha mais ninguém atras de mim, me impedindo de sair correndo.
Mas assim que eu ia me virar, Hiiro pegou na minha mão. Perdi a respiração de uma vez, a pele dele era gelada como a neve, e de alguma forma isso me deu uma sensação estranha muito difícil de descrever.
- Vamos? - Disse Hiiro, sorrindo pra mim.
No estado em que eu estava, só pude responder balançando a cabeça confirmando. Simon abriu a porta e Hiiro me conduziu pra fora.
- Divirtam-se e juízo! - Falou Simon, antes de fechar a porta.
- Juízo? - Perguntei indignada - Meu pai acha que ainda sou criança?
- Ele só esta se preocupando com você Yasha. - Falou Hiiro, e logo depois soltou minha mão. Quando ele fez isso eu fiquei um pouco tonta mas logo voltei ao normal.
Por incrivel que pareça, não pude falar mais nada. Eu sou muito azarada, é fácil pra mim ficar machucada ou ir para o hospital, então a preocupação do meu pai fazia sentido.
No momento em que sentei no banco do carona, senti aquela sensação de que algo ia acontecer outra vez. Passei algum tempo pensando sobre isso quando Hiiro interrompeu meus pensamentos.
- Tudo bem Yasha? - Perguntou ele.
- Estou.... - Tentei disfarçar.
- Então porque esta tremendo? - Eu nem tinha percebido que estava tremendo. Me encolhi no banco.
- É que.... Desde cedo tenho a impressão de que algo vai acontecer... Algo ruim. - A frase saiu com dificuldade da minha boca.
Olhei para Hiiro, e ele estava pensativo. Tentei afastar meus pensamentos então olhei pelo vidro, o céu quase sem nuvens, quando percebi que já tínhamos saído de Forks. Fiquei confusa, mas algumas placas pelo caminho tiraram essa duvida.
- Port Angeles ? - Perguntei.
- O filme "Meia-Noite" esta sendo estreado primeiro em Port Angeles.
- "Meia-Noite"? Título interessante... Como é a historia? - Perguntei, a essa hora aquela sensação já tinha passado.
- Parece que a historia começa com assassinatos misteriosos em uma vila, feitos por algum tipo de besta. Até que o povo da vila se cansa de tantas mortes e chamam um grupo de caçadores de monstros, que a unica missão é caçar e eliminar o Lobisomem - Falou Hiiro. E pelo sorriso dele, percebi que ele deve estar torcendo para Lobisomem morrer - A não ser, que você queira ver outro filme...
- Não, esse filme "Meia-Noite" parece ser bem legal. - Eu disse, enquanto observava o céu quase sem nuvens.
- Tem certeza que não vai ficar com medo? - Perguntou Hiiro
- Claro que não! - Respondi, mesmo tendo algumas duvidas sobre isso. - Onde já se viu, ter medo de uma caça a um lobisomem?! Não se preocupe comigo, eu ficarei bem.
- Então esta bem. - Disse Hiiro com aquele sorriso perfeito que faz meu coração disparar - Então... Quer dizer que a senhorita gostava de brincar na chuva... Sem roupa?
Corei instantaneamente.
- N-N-NÃO!! Fo-foi só três vezes e e-eu era mu-muito no-nova!! - Ah Simon, até isso você contou?
Hiiro começou a rir - Calma, não estou dizendo que você ainda faz isso... Ou faz?
- É claro que não!!  - Exclamei, abaixando a cabeça.
- Não precisa ficar assim Yasha... Só estou brincando. - Hiiro falou, levantando meu rosto com a mão direita.
Aqueles olhos azuis tiraram toda a minha atenção, e a essa altura meu rosto só estava ligeiramente corado.
Não demorou muito para chegarmos em Port Angeles, logo que sai do carro olhei em volta, não sou acostumada com cidades grandes, muito menos a beira do mar. Só que fiquei tão distraída que acabei tropeçando em uma garota, e logo nos duas caímos no chão.
- Gomen... - Ao olhar para a garota, foi impossível não reconhecer aqueles cabelos rosa - Tiffany! Mas que diabos esta fazendo aqui?
- Te seguindo, ué! Quero ter informações mais detalhadas do seu encontro! - Disse Tiffany na maior tranquilidade.
- Não estou tendo um encontro!! - Eu disse, já ficando corada(outra vez). - E cadê a Agatha?
- Ela ficou mais para o lado da Baía. - Falou Tiffany ainda muito tranquila, enquanto levantava.
Logo que eu levantei, e levei um susto ao ver Hiiro ao meu lado bem perto de mim, perto demais, o suficiente para eu começar a ficar sem fôlego.
- O que eu perdi? - Perguntou Hiiro com um sorriso simpático, mas ainda sim, de derreter o coração.
- Só a Tiffany que me seguiu até aqui! - Disse e então tentei me acalmar um pouco, o que eu podia fazer? Tiffany é assim não tem como muda-la. Infelizmente.
- A Yasha, quanto drama! Eu só estou te seguindo um pouquinho idái? - Falou Tiffany, logo depois ela suspirou - Aliais fez o trabalho?
- Aquele sobre partículas sub-atômicas? - Perguntei
- Esse mesmo!
- Sim eu fiz....
- Posso copiar de você? - Os olhos de Tiffany pareciam brilhar.
- Nem pensar Tiffany! Sabe o trabalhão que deu fazer aquilo?
- Yasha... Por favor!! -  pediu Tiffany, com seus famosos olhos de cachorrinho
- E porque não fez?
- Eu tento fazer mas sempre esqueço! - Falou Tiffany
- Esqueçe sem querer ou por querer? - Perguntei para Tiffany, desta vez ela ficou sem saída.
- Porque faz isso comigo Yasashii ? - Ela tentou fugir da situação
Eu ri um pouco.
- Yasha... - Hiiro interrompeu minha conversa com Tiffany - Você e sua amiga parecem ter muito o que conversar, porque você não fica com ela e depois nos encontramos no cinema? - Propôs Hiiro.
- Então tudo bem. - Respondi, enquanto tentava voltar a respirar normalmente.
- Não se preocupe Hiiro, não vou deixar ela fugir! - Disse Tiffany - Agora vamos voltar ao assunto de hoje: Me empresta seu trabalho vai!
Eu estava prestes a bater em Tiffany, quando percebi que Hiiro estava me olhando com aquele mesmo sorriso de ontem, mas logo depois ele se virou e andou para longe.
- Ele parece gostar de você..... - Falou Tiffany, esquecendo do trabalho.
- Que nada, você que pensa Tiffany.
- Eu que pensou? Já reparou o jeito que ele olha pra você? Porque eu reparei, e tenho certeza que Hiiro esta gostando de você Yasha, pode ter certeza disso!
Refleti sobre isso por um tempo mas logo depois apareceu Agatha que estava procurando por Tiffany. Em seguida fomos até o calçadão da praia e ficamos andando por lá, e conversávamos sobre vários assuntos, mas minha curiosidade estava na Lauren, a minha inimiga que eu não pedi, enquanto isso Tiffany continuava tentando me convencer de que Hiiro estava gostando de mim; eu podia dizer um milhão de vezes que isso seria impossível que ela repetia um bilhão de vezes que era verdade. Logo depois de outra dessas discussões, estava quase convencendo Tiffany então ela me logo me lembrou que eu tinha que voltar para o Hiiro. Com as seguinte frase:
- Se não for logo a única faísca de esperança ira se apagar e pode dizer adeus ao amor de vocês!
Usei um folheto para bater na cabeça de Tiffany, que riu. Me despedi delas, mesmo sabendo que se olhasse direito eu ia ver elas no cinema, exatamente uma ou duas fileiras atrás de mim. Não precisava ser vidente para saber disso.
Comecei a andar pela rua, mas meus pensamentos estavam distantes, até demais. Quando voltei a mim mesma, suspirei. Passei os dedos pelos cabelos e respirei fundo algumas vezes antes de virar a esquina. Ao atravessar outra rua, comecei a perceber que ia na direção errada. O tráfego reduzido de pedestres que eu vira ia para o norte e parecia que os prédios aqui eram principalmente armazéns. Decidi voltar para o leste na esquina seguinte, depois contornar após algumas quadras e tentar minha sorte numa rua diferente ao voltar para o calçadão.
Um grupo de quatro homens virava a esquina para onde eu ia, vestidos muito informalmente para estarem saindo do trabalho, mas sujos demais para serem turistas. À medida que se aproximavam de mim, percebi que não eram muitos anos mais velhos do que eu. Brincavam ruidosamente, rindo de forma estridente e empurrando o braço dos outros. Afastei-me mais para o canto da calçada a fim de lhes dar espaço, andando rapidamente, olhando para a esquina depois deles.
- Ei, e aí? - Gritou um deles enquanto passavam, e ele tinha de estar falando comigo, uma vez que não havia mais ninguém na rua. Olhei automaticamente para ele. Dois tinham parado, os outros dois reduziram o passo. O mais próximo, um homem troncudo, de cabelo escuro, de vinte e poucos anos, parecia ser o cara que falou. Usava uma camisa flanela aberta por cima de uma camiseta suja, bermuda jeans ragada e sandálias. Ele deu um passo na minha direção.
- Oi - murmurei, uma reação reflexa. Depois rapidamente desviei os olhos e andei mais rápido para a esquina. Pude ouvi-los rindo a todo volume atrás de mim.
- Ei, espera! - gritou um deles de novo, mas mantive a cabeça baixa e virei a esquina com um suspiro de alívio. Podia ouvi-los rindo lá atrás.
Eu me vi numa calçada nos fundos de vários armazéns de cores sombrias, cada um deles com portas largas para caminhões de carga, trancados a cadeado para a noite. O lado sul da rua não tinha calçada, só uma cerca de tela encimada por um arame farpado protegendo uma espécie de depósito de peças de motor. Eu vagava pela parte de Port Angeles que eu, como visitante, não devia ver. Estava escurecendo mais ainda, percebi, as nuvens finalmente voltavam. Uma van passou por mim e depois a rua ficou vazia.
O céu de repente escureceu ainda mais e, enquanto eu olhava por sobre o ombro para a nuvem degradante, percebi chocada que dois homens andavam em silêncio uns cinco metros atrás de mim.
Eram do mesmo grupo pelo qual eu havia passado na esquina, mas nenhum deles era o de cabelo escuro que falara comigo. Virei imediatamente a cabeça para frente, acelerando meu passo. Um arrepio que não tinha nada a ver com o clima me fez tremer de novo. Minha bolsa estava pendurada no ombro atravessada pelo meu corpo, como usamos para não sermos surpreendidas. Eu sabia exatamente onde estava meu spray de pimenta - na mochila embaixo da cama, a embalagem ainda fechada. Pensei em deixar cair minha bolsa "por acidente" e correr. Mas uma vozinha assustada no fundo de minha mente alertou que eles podiam ser coisa pior do que ladrões.
Tentei escutar atentamente seus passos silenciosos, que eram muito mais silenciosos quando comparados ao barulho tumultuado que fizeram antes, e não parecia que tinham acelerado, nem chegado mais perto de mim. Respirei, lembrei a mim mesma. Você não sabe se estão te seguindo. Continuei a andar com a maior rapidez que pude sem correr, concentrando-me na curva à direita, que agora só estava a alguns metros de mim. Eu podia ouvi-los, ficando para trás, como antes. Um carro azul entrou na rua, vindo do sul, e passou rapidamente. Pensei em pular na frente dele, mas hesitei, inibida, sem saber se estavam mesmo me perseguindo, e aí era tarde demais.
Cheguei à esquina, mas um olhar rápido revelou que era só um beco sem saída nos fundos de outro prédio. Dei meia-volta, cheia de expectativa; tinha que corrigir esse erro apressadamente e disparar pelo caminho estreito, de volta à calçada. A rua terminava na esquina seguinte, onde havia uma placa de Pare. Concentrei-me nos passos fracos atrás de mim, decidindo se correria ou não. Mas eles pareciam mais distantes e eu sabia que, de qualquer forma, não podiam me alcançar. Eu tropeçaria e cairia estatelada se tentasse ir mais rápido. Os passos certamente estavam mais distantes. Arrisquei uma olhada rápida por sobre o ombro e agora talvez eles estivessem a uns dez metros de mim, como vi com alívio. Mas os dois me encaravam.
Parecia que eu ia levar uma eternidade para chegar à esquina. Mantive o ritmo constante, os homens atrás de mim ficando um pouquinho mais para trás a cada passo. Talvez eles tivessem percebido que me assustaram e lamentassem por isso. Vi dois carros indo para o norte, passando pelo cruzamento para onde eu me dirigia, e repirei com alívio. Haveria mais gente lá quando eu saísse dessa rua deserta. Virei a esquina rapidamente com um suspiro de gratidão.E fiquei paralisada.A rua era cercada dos dois lados por paredes sem portas nem janelas. Eu podia ver a distância dois cruzamentos, postes, carros e mais pedestres, mas estavam longe demais. Porque encostados no prédio a oeste, a meio caminho para a rua, estavam outros dois homens do grupo, os dois olhando com sorrisos excitados enquanto eu ficava paralisada feito morta na calçada. Percebi então que não estava sendo seguida.Estava sendo conduzida.Parei por um segundo, mas me pareceu muito tempo. Depois virei e disparei para o outro lado da rua. Tive a sensação desanimadora de que era perda de tempo. Os passos atrás de mim agora estavam mais altos.
- Você aí! - O estrondo da voz do homem atarracado de cabelo escuro abalou a quietude intensa e me fez pular. Na escuridão que aumentava, ele parecia olhar através de mim.
- É - gritou uma voz de trás, fazendo-me pular novamente enquanto eu tentava correr pela rua.- Pegamos um atalhozinho.
Meus passos agora tinham que reduzir. Eu estava encurtando muito rapidamente a distância entre mim e o par que ria. Precisava dar um belo grito e puxei o ar, preparando-me para usá-lo, mas minha garganta estava tão seca que eu não sabia que volume poderia alcançar. Com um movimento rápido, passei a bolsa pela cabeça, pegando a alça com uma das mãos, pronta para me render ou usá-la como arma, o que a necessidade mandasse.O homem atarracado se afastou do muro enquanto eu cautelosamente parava, e andou devagar pela rua.
- Fique longe de mim - alertei numa voz que devia parecer forte e destemida. Mas eu tinha razão sobre a garganta seca, sem volume nenhum.
- Não fique assim, docinho - gritou ele, e o riso rouco recomeçou.
Eu me abracei e separei os pés, tentando me lembrar, em meu pânico, do pouco de defesa pessoal que conhecia. Vire a face externa da mão para cima, na esperança de quebrar o nariz ou enfiá-lo para dentro do cérebro. O dedo no globo ocular - tente enganchar e arrancar o olho. E a joelhada padrão na virilha, é claro. E aí a mesma voz pessimista falou em minha mente, lembrando-me de que eu provavelmente não teria chance contra um deles, e eles eram quatro. Cale a boca!, exigi da voz antes que o pavor me incapacitasse. Andei pra trás, quando derrepente encostei na parede, e então os homens conseguiram me cercar, e eu fiquei sem pra onde ir. Pela primeira vez na vida, eu gostaria de ter meu pai aqui comigo. Ou talvez, eu queria nunca ter vindo para Forks, que minha mãe nunca tivesse morrido. Mas a voz da minha cabeça voltou a falar me lembrando que se eu não tivesse deixado o Alaska eu não ia ter conhecido o Hiiro. Que ódio que eu tenho dessa vozinha na minha cabeça!
Os quatro homens sorriam pra mim de uma forma assustadora, que deixava bem claro as intenções deles, e isso me fez tremer. Quando um deles esticou a braço para me tocar, eu tive certeza que estava perdida.