Nightmare Wings - Gaia Online Vampire kiss

Linke-me


sábado, 26 de maio de 2012

CAPÍTULO 16 - Razão vs. Sentimentos

 A madruga fria e nublada de Forks nunca me pareceu mais linda. Eu fiz tudo com calma, e sempre com a mesma frase na cabeça: "Hoje é um novo dia". Simon saiu um pouco depois do almoço para pescar.
- Tem certeza que não quer vir?
- Tenho pai. Não sou chegada a pescaria.... - Eu estava mesmo preocupada é em cair na água.
- Esta bem. - Disse Simon, por fim - Nos vemos mais tarde Yasha, cuide-se. - Ele disse isso, deu um beijo em minha testa e saiu.
Fiquei parada ali pensando no que ele acabará de dizer. "Cuide-se" é uma palavra bem familiar por parte de minha mãe, que sempre temia o fato de eu fazer alguma besteira quando ficava sozinha em casa. Fiquei triste ao lembrar dela, mas logo tratei de esquecer para me concentrar em meu dia. Depois de separar as roupas para a minha volta na floresta, fiquei deitada lendo um livro no balanço da varanda suspirando, satisfeita. Tudo estava do jeito que eu queria que fosse, nada de Sandra, nada de Lauren, nada de Hiiro. Percebi que, enquanto pensava em Hiiro, eu acariciava minha mão, a mesma mão que tinha dado aquele tapa. Senti arrependimento por um lado, mas do outro eu sabia que ele tinha merecido! Olhei a hora, 17:30. Do jeito que eu estava lenta hoje, só sai de casa em torno de 10 minutos depois, as 17:43 se não me engano. Demo ficou triste por eu não leva-lo, mas sei que ele irá sobreviver. Pronta para a caminhada e uma possível chuva, eu andei firmemente até a floresta. Fiquei na trilha por alguns metros depois de entrar no labirinto de árvores, mas logo me aventurei a ir por entre a vegetação. Meu bom humor estava me fazendo esquecer as minhas Leis de Sobrevivência. Até que eu finalmente percebi uma coisa: Estava chovendo, não um chuvisco de Forks que começa e para, começa e para, ou uma chuva de volume constante como de costume, mas uma chuva que vai ficando mais forte. Meu capuz não ia me proteger daquilo e não iria dar tempo de voltar para casa. Suspirei e dei de ombros, não posso arruinar este dia por causa de uma umidade extra. Arranjei um lugar perfeito entre as raízes de uma árvore, abaixo de uma densa vegetação, a chuva aparentemente forte não conseguia impor sua força total através da vegetação, por isso só algumas gotas insistiam em molhar meu cabelo. Puxei o capuz.
 Fiquei sentada ali, por quanto tempo? Não sei, essa chuva teria fim? Não faço idéia, mas sei bem que parecia que ela estava me pressionando a ficar ali, como se quisesse alguma coisa. Suspirei de decepção. E então tentei passar o tempo observando os mínimos detalhes do lugar onde eu me encontrava, cada folha acima de minha cabeça, cada raíz onde eu sentava, enfim, tudo que a via para se ver. Foi quando eu virei para olhar a minha direita, não tinha percebido ele antes, estava tão quieto, meu coração deu um pulo e quase pensei que iria cortar meu peito e sair fora. Automaticamente prendi a respiração, mas seus olhos estavam fechados o que me deixou aliviada, ele deveria estar dormindo. Talvez estivesse a mais tempo aqui e nem me viu chegar, pensei comigo mesma, não tem motivo para ter medo. Olhei para a floresta, ainda chovia forte demais para eu me levantar. De fato a chuva não era tão forte assim, mas, com meu bendito azar, eu poderia muito bem escorregar, bater a cabeça numa pedra, ficar inconsciente com a cara em uma poça e morrer afogada. Então aproveitei a situação e, esquecendo mais uma vez minhas Leis de Sobrevivência, eu me inclinei devagar, apoiando meu corpo com as mãos na terra úmida, para olha-lo mais de perto. Suspirei, sem poder controlar isso, enquanto me segurava para não esticar o braço e toca-lo.
- Como esse cretino teve a cara de pau de fazer aquilo comigo? - Perguntei, sem pensar - Com tantas "cobaias femininas" por ai, porque justo eu? Será que não bastasse as minhas perdas, tive que passar por uma "tortura chinesa"? - Pensei um pouco no que tinha acabado de dizer - Talvez não exatamente uma tortura chinesa - então olhei com mais atenção para o rosto de Hiiro -, mas eu sofri muito com isso.
Esfreguei o olho ao perceber o acumulo de lágrimas, então fiz uma pergunta inocente.
- Hmm.... Será que ele esta dormindo mesmo? - Essa é uma daquelas perguntas que, no fato de não responderem já te diz exatamente o que você deseja saber.
- Não, eu não estou. - E ele fez o favor de responder, e depois abriu os olhos devagar para me observar - Eu estava acordado desde o início.
Já podem imaginar a cena: Hiiro me observando com seus olhos celestiais, e eu, congelada no lugar, desejando que isso fosse um sonho bobo e que eu acordasse naquele instante com Demo lambendo minha cara. Infelizmente percebi que aquele pesadelo era real.
- Seu.... Seu...... - Comecei a falar, mas eu não podia saber se estava com raiva ou era uma ação automática de minha parte. Achei melhor me calar.
Não terminei minha frase, só inspirei todo o ar de uma só vez pela boca. Logo me endireitei no meu lugar, limpei minhas mãos sujas de terra no moletom verde musgo que estava usando, cruzei os braços e olhei fixo para a frente. Hiiro, mesmo depois de tudo aquilo, me olhava como se aquela nossa briga nunca tivesse acontecido.
- Podia ter me avisado..... - Falei - Que estava ouvindo.
- Não queria incomoda-la.
- Saiba que falhou em sua missão. Sua presença é o suficiente para me incomodar! - Falei sem pensar, de fato não achava isso, eu amava te-lo por perto mas, é claro, não vou admitir isso.
- Nesse caso não há nada que eu possa fazer.
- Porque mentiu para mim? - Soltei essa sem pensar de novo. Mas fiquei aliviada, essa pergunta estava presa na minha garganta a algum tempo, e essa era a oportunidade perfeita para faze-la, não posso desperdiçar.
- Como? - Hiiro ficou confuso com minha pergunta. A algum tempo atrás eu achava que ele tinha amnésia, hoje volto a ter essa teoria.
- Todo aqueles momentos.... Foi tudo um jogo seu não é? Fingiu para mim que..... - Não consegui falar a palavra, então pulei para o resto da frase - só para me fazer pensar que tinha chance e depois você simplesmente jogou tudo pela janela.....
Hiiro ficou em silêncio, por um momento.
- Eu não queria fazer aquilo com você Yasha - ele falou de cabeça baixa e sussurrando, como se tivesse falando para si mesmo -, não tive escolha.
- Esta querendo me fazer de boba? Não teve escolha? Eu não te entendo! Você é sempre cheio de mistérios, e respostas sem sentido! - Minha voz tinha aumentado de volume, quase gritando.
Eu não consegui continuar com a bronca. Abracei as pernas, encolhida.
- Não precisava ter fingido Hiiro. Na verdade... Não precisava nem ter falado comigo. Nunca.
A minha voz foi a ultima coisa que se ouviu, depois só o som da chuva quebrava o silêncio. Pensei que seria assim para sempre. Então a chuva começou a parar, por fim. Comecei a me levantar devagar, olhando para o chão, estava prestes a seguir meu caminho de volta, mas então vi Hiiro se levantando e por alguma razão não senti mais minhas pernas. Fiquei imóvel o observando. Ele me olhou nos olhos, fazendo todo o meu corpo tremer.
- Sei que possivelmente nunca vai me perdoar. Mas acredite, é melhor assim. - Ele parou um momento, se virou para a direção oposta a minha - É mais seguro para você.
Não sabia o que falar, além de que as palavras estavam presas na minha garganta. Odeio quando isso acontece. Mesmo que eu quisesse falar não conseguiria.
- Aliais..... - Continuou Hiiro, enquanto andava para longe. - Eu não estava jogando. Em nenhum momento fingi meu sentimentos por você Yasha. - Era impossível não perceber a sinceridade em sua voz.
Esqueci completamente de como respirar, porque demorei quinze minutos para sentir o oxigênio no sangue fluindo normalmente. A essa altura Hiiro já havia sumido por entre as árvores.
Milagrosamente encontrei a trilha de volta para casa. Mas meu coração não parava de bombear o sangue com toda a força. Será que Hiiro estava falando a verdade? Eu realmente quis acreditar que sim. Por algum motivo quando fechei a porta de casa, corri para meu quarto, tirei minhas botas e cai na cama. Abraçando o travesseiro e suspirando. Cada palavra que ele me dissera ficou gravada na minha mente, como um símbolo de esperança. Era impossível não lembrar daqueles olhos azuis nos meus. Estava tão feliz que levei um susto quando Demo latiu, me avisando que Simon tinha chegado. Desci, pulando de dois em dois degraus, até chegar em Simon e ajuda-lo com os peixes.
- Teve um bom dia querida?
- Tive sim pai. - Respondi com um sorriso - E pelo jeito você também.
- É, hoje eles estavam mordendo a isca.
- Fico feliz.
Simon sempre fica mais alegre quando eu estou bem, talvez a minha felicidade radiante lembre a mim mesma na infância. A maioria dos pais sempre gosta de se lembrar dos filhos nessa época, Simon é assim. Talvez porque naquela época eu era menos melancólica.
 Pensei em ir a floresta outra vez no domingo mas deixei de lado essa ideia, afinal quais as chances dele ir lá outra vez? Tentei me focar somente na segunda-feira, que era dia de aula de biologia. Só que no domingo, depois de ter passado os efeitos felizes de sábado, pensei com mais atenção nas palavras de Hiiro.
- O que ele quis dizer com "É mais seguro para você"? - Perguntei a mim mesma.
Já estava anoitecendo quando decidi fazer uma lista de todos os fenômenos que tinham ocorrido nesses últimos meses, onde envolvia a mim e ao Hiiro. Tentei achar uma forma lógica de explicar cada um daqueles acontecimentos inesperados e até assustadores. Ao terminar, eu percebi que tinha feito uma lista de superpoderes. Arranquei a folha de papel do caderno, amassei e joguei longe. Fala sério! Superpoderes? Só se ele fosse algo não humano, e quais a chances?
Pensei em todas as respostas que se adaptariam a nossa espécie; humanos. Freqüentemente chegada conclusão que eu tinha imaginado cosias, ou eu sou mais distraída do que pensei, e acabei deixando passar algo que me desse uma alternativa mais lógica e possível. No fim, decidi juntar o que eu tinha conseguido com algo que se encaixasse com o fato de ser mais seguro para mim ficar longe dele. Infelizmente fracassei. Sentada na cadeira, derrotada, e olhando para a tela do computador, que estava em uma página do google onde eu tinha pesquisado sobre recordes mundiais do Guiness Book. Então me virei para os papéis rabiscados a minha frente e me dei conta de uma coisa: E o que eu tenho a ver com isso?, pensei, Se ele for humano ou não o que me importa? Não estamos juntos. O pensamento de não estar com ele, me fez sentir um vazio que eu conhecia; a solidão. A lógica diz que eu tenho que esquece-lo de uma vez, mas meu coração diz que eu o amo e não posso deixa-lo partir. Porque a vida não podia ter escolhas mais fáceis de fazer?!
Desliguei o computador e joguei fora todos os papéis de anotações inúteis que estavam em minha mesa. Abri meu armário para procurar um pijama, quando me deparei com alguns livros e um caderno. Logo lembrei da minha infância, quando vinha para cá eu ficava lendo a maior parte do tempo, ou desenhando. Passei a mão na capa do primeiro livro e recordei dos bons momentos que tive com Simon. Quando o abri vi vários desenhos que eu tinha feito, e, na ultima folha desenhada, tinha um esboço de uma pessoa. Eu tinha feito o básico do básico, e como eu era criança quando o fiz, estava meio que fora de proporção.
- Talvez eu consiga consertar isto aqui, e terminar o trabalho! - Falei para mim mesma.
Depois do banho fiquei pensando em algumas idéias do que eu poderia desenhar. Até que finalmente me decidi. Não terminei tudo, lógico, faltava muito para ficar perfeito. Deitei na cama sonolenta e totalmente exausta, depois de um dia pensando em alternativas de todos os gêneros meu cérebro não conseguia raciocinar mais nada. Preciso descansa-lo para amanhã, para poder usa-lo na escola.
Acordei extremamente mal, mas perfeitamente bem. Parece estranho, mas sei o que significa, hoje algo muito ruim vai acontecer e algo muito bom também. Quando eu pus os pés na área da escola, sabia que hoje era meu dia. Infelizmente Sandra não tinha faltado e então continuava a roubar a atenção de Tiffany, me impedindo de ter uma conversa com minha talvez-futura-ex-amiga. E pior: Não tinha só Scotty hoje no meu pé, Douglas também decidiu infernizar minha vida. Parece que a "coisa muito ruim" iria acontecer primeiro. Mas deixei isso de lado, porque se vou ser recompensada mais tarde, eu aguento. Por enquanto. As vezes eu agradeço por sentir que tipo de coisas vão acontecer. No caminho para a primeira aula, no corredor, eu vi Lauren e as amigas.
Lauren, parecia uma fera, tagarelando algo sobre ter acabado o trabalho e que ele não se aproxima mais dela. Fiquei feliz de início, mas percebi que ela iria descontar toda essa raiva em mim. Ela não esqueceu aquela vez em que Tiffany a enfrentou, dizendo que eu era melhor que ela. E, mais uma vez, a sensação de que eu iria me ferrar estava correta.
Aconteceu na hora do almoço. Eu estava andando tranquilamente com meus amigos, ignorando Scotty para ver se ele procurava a atenção da Tiffany. E tentando não cruzar olhares com Sandra, que andava ao lado de Tiffany, falando alguma coisa sobre as revistas do mês. Definitivamente não era o meu tipo de assunto. Mas eu não percebi a presença de alguém: Lauren e suas duas companheiras. Tinha acabado de entrar no refeitório, e andava bem atrás do pessoal, derrepente vejo Mariana passando por mim, e em seguida Angela, ambas correndo. Então foi a vez de Lauren. Senti a mão dela em minhas costas me empurrando para a frente, e em seguida ela passando por mim. O problema foi que perdi o equilibro, e quando tentei, inutilmente, me apoiar levei uma cadeira comigo. Pior é que a cadeira foi primeiro, então eu cai quase que por cima dela. Não totalmente, mas minha perna esquerda caiu com tudo junto a um daqueles pés de metal e, no impacto, me resultou em uma forte dor. Em segundos mais da metade dos alunos estavam rindo de mim.
- Yasha! - Ouvi Theodore gritar meu nome ao ver o que tinha me acontecido
- Lauren!!! - Para minha surpresa não era Scotty, mas sim Tiffany que, ignorando Sandra, se punha na minha frente para me defender.
- Que? Foi só um acidente! Culpa minha se ela é desequilibrada? - Pude ouvir o duplo sentido na ultima frase dela.
Lauren olhou para mim e sorriu querendo dizer: "Teve o que merece!". Depois juntou-se aos outros alunos, dando gargalhadas do meu azar.
- Esta tudo bem?
- Não Agatha.... Ai!.... Minha perna esquerda tá doendo pra caramba!
- Deve ser só por causa da queda, mas é melhor ir na enfermaria por um gelo nisso. - Falou Agatha, minha enfermeira de alguns segundos, ajudando-me a ficar pelo menos sentada no chão. - Consegue andar?
- Consigo.... - Tentei me levantar, mas não demorou até a minha maldita perna começar a doer - Eu acho....
Vi os olhos de Scott brilharem, a chance perfeita para ele. Mas alguém foi mais rápido.
- Deixa que eu levo ela. - Não! Por favor, tomara que eu esteja imaginando essa voz terrivelmente familiar.
Engoli seco, esperando que fosse alucinação, mas pela expressão de raiva de Scotty, e a de espanto de Agatha, Tiffany, Theodore e até mesmo de Sandra, sabia quem era. Como eu queria morrer.
- Esta tudo bem Yasha? - A voz de Hiiro estava bem do meu lado.
- Não.... - Eu gemi, com a cabeça baixa - Vá embora....
Ele riu.
- E-ela só machucou a perna, mesmo assim precisa ir a enfermaria pra colocar um gelo.... - Agatha falou, sua voz demonstrava surpresa e espanto.
A essa altura, ninguém mais estava rindo no refeitório, imaginei a expressão de todos vendo aquela cena. Eu corei um pouco.
- Vou cuidar dela - disse Hiiro. Pude ouvir o sorriso ainda na voz dele.
- Nem pensar! - protestou Scott
- Vamos Yasha, eu te ajudo a levantar - Hiiro estava ignorando Scott, isso deve te-lo aborrecido. Me pergunto porque ele ainda não atacou Hiiro; vá em frente tem o meu total apoio e torcida.
- Nem pensar.... Eu.... - Droga! Minha voz começou a falhar justo agora? Porque os meus sentimentos vencem a razão com tanta facilidade? - Não quero sua ajuda, estou muito bem sozinha!
- Sei.... - Foi a ultima coisa que eu ouvi de Hiiro.
De repente o chão desapareceu debaixo de mim. Meus olhos se abriram de choque. Hiiro me levantara nos braços com tanta facilidade que eu parecia pesar cinco quilos em vez de cinqüenta.
- Me coloque no chão! - Disse. Mas ele estava andando antes que eu terminasse de falar. Então percebi que a minha voz não tinha demonstrado a irritação que eu queria que mostrasse, mas tinha demonstrado timidez. Espero não ter deixado transparecer que eu estava, no fundo, gostando da situação, até mais do que eu deveria.
- Ei! - gritou Scott, já a dez passos de nós.
Hiiro o ignorou, de novo.
- Você não parece tão mal. - disse-me ele, sorrindo maliciosamente.
- Isso porque não foi você que caiu! - Falei.
Fechei os olhos, esperando ficar mais calma.
- Como você caiu?
- Eu senti.... Alguém me empurrando. - Falei, sem abrir os olhos.
- Aquela Lauren... Ninguém merece.
Fiquei em silêncio. Mas não tinha mais sobre o que falar. Ainda não. Não sei como ele abriu a porta enquanto me carregava, mas de repente o ambiente ficou mais abafado.
- Ah, meu Deus - ouvi uma voz de mulher arfar
- Ela sofreu um pequeno acidente no refeitório e machucou a perna esquerda - explicou Hiiro.
Abri os olhos. Estava na secretaria e Hiiro passava pelo balcão da frente ido para a enfermaria. A ruiva da recepção correu à frente dele para manter a porta aberta. A enfermeira com cara de vovó desviou os olhos, pasma, daquela cena romântica, enquanto Hiiro me carregava e me colocava no papel que estalava e revestia o colchão de vinil marrom da única maca. Embora eu ache que estava mais para embaraçosa, não sabia se, a essa altura eu já tinha parado de corar ou não, e se minha expressão ainda me entregava. Depois, Hiiro se afastou e a enfermeira estava analisando minha perna esquerda, ela pressionou-a um pouco, mas o suficiente para eu soltar um gemido de dor. A enfermeira balançou a cabeça, concordando.
- É, melhor tratar disso antes de virar um hematoma - concluiu, por fim, a enfermeira - Descanse a perna, vou trazer um gelo para por nela. - disse-me ela antes de sumir porta afora.
Apreciando aquele breve momento me ajeitei na maca e olhei discretamente para Hiiro.
- Não precisava ter me carregado. - Expliquei
- Você não viria se eu pedisse - rebateu ele -, de qualquer forma não queria que aquele Scotty trouxe-se você.
Parei por um momento, para analisar mentalmente aquela fala. Lembrei-me da nossa conversa na floresta. Mordi o lábio, mas não hesitei em perguntar.
- O que esta querendo dizer? - comecei - Com isso agora e... Aquilo na floresta?
A princípio, Hiiro não respondeu, só se aproximou de mim. Com as mãos apoiadas na lateral da maca, ele se inclinou até seu rosto fica a poucos centímetros do meu. Senti meu coração acelerando mas tratei de faze-lo se acalmar.
- Você sabe o que significa.... - Hiiro sussurrou para mim
Senti-me tentada a aproximar esses poucos centímetros e beija-lo, mas foi nessa hora que a enfermeira apareceu e ele se afastou. Maldição!
- Vamos então.... - disse a enfermeira, que eu já amaldiçoava na minha cabeça.
Nesta fração de segundos em que parei para observar a enfermeira colocar o gelo na minha perna, Hiiro desapareceu. Senti um completo desânimo, como se tivesse deixado uma grande oportunidade passar.

Eu não estava tecnicamente mancando, mas a ligeira dor idêntica a de uma pedra sendo pressionada contra a minha perna, me incomodava bastante. Mesmo que eu esteja familiarizada com o fato de me machucar constantemente, não estou acostumada com a dor causada por esses machucados.
Mas admito que levei um susto quando sai da secretária e dei de cara com Hiiro.
- Mas que... - eu estava prestes a dizer algo. O que eu nunca vou saber.
- Desculpe ter te deixado sozinha. Mas tive um probleminha... - e olhou por cima do ombro, me inclinei pro lado a tempo de ver e reconhecer Takashi e Yuki virando no corredor das salas de aula. - Vem, eu consegui pra você uma dispensa do resto das aulas de hoje.
- E-eu não preciso disso...
- Então quer ir para a Educação Física hoje? - Educação Física... Só de pensar me deu arrepios. Conhecia bem o professor, mesmo que eu tivesse quebrado a perna ele não deixaria eu só olhar a aula sem um atestado médico, quem dirá de um simples machucado na perna. Mas eu realmente não gosto dessa aula, tenho extremo desinteresse em esportes. - Além de que, ouvi dizer que sua amiga Sandra esta planejando coisas para você nesta aula...
- Planejando cosias.... - A ideia me fez tremer. Sandra era uma ótima atleta, eu sei, ela tem total controle sobre sua força, velocidade e mira dentro das quadras. Seria fácil demais para ela mirar certeira na minha cara(ou na minha perna), alguém que mal sai do lugar na hora do jogo.
Só existia uma opção: - Então acho melhor ir pra casa mesmo.
Hiiro sorriu.
- Então vamos, eu te levo.
- Como?
- Esta achando mesmo que vou confiar em você para ir andando sozinha até em casa?
- Não estou tão mal assim!
Hiiro suspirou. - Mas do jeito que você é um imã para acidentes, é provável que machuque as duas pernas e até mais que isso... Além de que, esta chovendo muito lá fora no momento, e como fui eu quem a levou para a enfermaria nada mais justo que agora eu te leve também pra casa.
- N-não é preciso... - Tentei fugir disso.
- E eu ainda insisto Yasha. - Disse isso e me pegou pela mão.
Aquele toque gelado me fez sentir um tipo de corrente elétrica por todo meu corpo, era uma sensação ao mesmo tempo feliz e assustadora. Um dia descubro porque.
- Mas e você? Não tem aula também?
- História - ele disse, dando de ombros -, a professora não liga se eu faltar.
Fiquei sem desculpas a partir dai. O jeito foi deixar que ele me levasse.
Estava realmente chovendo bastante e fazendo muito frio do lado de fora do carro. Tentava observar a paisagem e esquecer que Hiiro estava ali do meu lado, ao meu alcance. Não conversamos muito, apenas quando eu sem querer pensei alto: "Aquela patricinha vai me pagar...". Hiiro riu e perguntou o que eu estava pensando em fazer, contei que não tinha muitas ideias mas que até mesmo empurrar ela de uma escada me faria feliz. Depois de mais alguns comentários sobre a Lauren mergulhamos em um completo silêncio. Bem desconfortante.
Quando paramos em frente a minha casa eu soltei um longo suspiro, não queria me afastar do dele. Queria conversar com ele, confessar todos os meus sentimentos de uma vez e me entregar a qualquer destino que fosse nos unir. A chuva começou a parar, como se também estivesse dizendo que era pra eu sair do carro. Até o clima esta contra mim.
Tive a sensação de que Hiiro também queria prolongar o momento porque me acompanhou até a porta, como se não quisesse me deixar. Mas não consigo acreditar muito nessa hipótese, e logo lembrei o porque de eu ter parado de falar com Hiiro nesses últimos dias.
Não entrei em casa, só me virei para ele, sem saber o que fazer.
- Hm... Então.. - Eu comecei.
- Sim?
- Acho que, obrigada. Por tudo.
- Claro.. - Hiiro, olhou para o chão, querendo dizer que não tinha nada mais a dizer.
Dei meia volta na intenção de entrar em casa. Com a chave na fechadura estava destrancando a porta quando senti Hiiro se aproximando de mim e em seguida sussurrando em meu ouvido.
- Me desculpe....
Congelei na ultima volta da chave. Meu coração acelerou, e logo senti meu sangue pulsar por todo meu corpo. Fiquei sem reação, parada por vários segundos tentando entender. Olhei para trás, na esperança de encontra-lo, mas já era tarde. O Eclipse Prateado já estava indo embora.
E eu fiquei ali mesmo, sem saber o que fazer ou o que esperar dali por diante.
Dentro de casa eu só pude suspirar apaixonada pelo resto do dia, pensava em como aquilo era loucura afinal, Hiiro me iludiu, e depois me deu um fora daqueles, agora vem dizendo que aquilo tudo não era um jogo. Será tão difícil eu aprender minha lição? Não posso cair nessa mesma mentira outra vez. Mas... E se for verdade? E se ele realmente... sente algo por mim? Mas então não teria feito aquilo comigo. Então porque?
Se ele ao menos me desse respostas! Mas não adiantaria perguntar nada a ele, Hiiro sempre dá um jeito de me driblar e não responder quando se trata desses assuntos.
Demo lambeu minha cara quando eu estava prestes a cair no sono.
- Qual é... Já são nove horas. Deveria deixar eu dormir Demo! - reclamei.
Ele me olhou por alguns segundos antes de deitar no tapete de costas pra mim. Provavelmente como quem fica emburrado. Levantei da cama olhando para o chão. Sentia todo o corpo leve, mas a mente pesada. Eu não parava de pensar em Hiiro, em tudo que estava acontecendo.
Na frustante tentativa de me livrar desses malditos pensamentos e informações que não cessavam de minha mente, peguei o meu caderno, e voltei a fazer o desenho. Com sorte, em pouco tempo meus olhos começaram a doer um pouco. O que significava uma coisa: Tinha chegado ao meu limite. A exaustão e o cansaço me venceram, e eu dormi como uma pedra.
Passaram-se os dias, e Hiiro passou a me observar a distância, como se esperasse que eu fizesse alguma coisa. Nas aulas de biologia ele era distante e indiferente comigo, mas não disfarçava quando me observava. Tentei, ao máximo, aproximar Scotty e Tiffany, pelo bem do que restou da minha amizade com ela. Agatha, por outro lado, estava mais reservada do que nunca então precisei dar uma "assistência de cupido", ao Theodore. Se bem que, quem precisava de uma ajuda de cupido era eu.
Preciso conversar com Hiiro mas.... Sobre o que exatamente?

sexta-feira, 18 de março de 2011

CAPÍTULO 15 - Estará o Mundo contra mim?

Acordei tarde, o suficiente para encontrar alguns policiais além do Simon, em casa. Eles me fizeram algumas perguntas, até perguntaram se o meu cachorro estava comigo, mas o Demo ontem a noite dormiu na sala e não no meu quarto como de costume. Eu ia passar o domingo inteiro respondendo a perguntas, até Agatha aparecer e saímos um pouco, eu estava realmente assustada com tudo aquilo e precisava de ar fresco. Fomos para a casa de Tiffany, e ela já estava do lado de fora nos esperando, ela me fez perguntas, muitas perguntas. Foi quando tivemos a brilhante ideia de dar uma volta pela cidade. No caminho, encontramos alguém, e suas duas amigas. Já falei delas pra vocês mas não as apresentei :
Marina Cardoso, não sei muito sobre ela, mas é bem inteligente e é conhecida pelos grupos da escola como a perigosa "armadilha". Já devem ter percebido quem é o braço direito da Lauren quando quer aprontar para alguma concorrente ao coração do Hiiro. Marina não faz coisas muito ruins como devem pensar, mas ela sabe bem como pregar peças nos outros mas acho que Lauren a levou para o caminho das trevas e a fez usar suas brincadeiras de halloween para artes mais sombrias... Ou só para ferrar a vida de uma concorrente ao coração do Hiiro.

Ângela Beck, ela é legal, mas como anda com a Lauren ela não se socializa com muitas pessoas, porque isso é uma das regras da Lauren, e vá entender... Ângela ama ouvir musica e nunca é vista sem seu iPod, e sempre anda atualizada sobre o mundo da música e sempre esta ouvindo as novidades. Acho que o fato dela ser uma expert em música  é o que a faz ser um ótimo brinquedinho para Lauren(Além de nunca deixa-la desinformada sobre os novos hits do momento). Mesmo assim, tanto a Ângela como a Mariana parecem serem como a Lauren, mas o fato é: Se não apoiar a Lauren ela vai achar que estão discordando dela, ou seja fim da "amizade", se bem que eu sempre me perguntei porque elas continuam com a Lauren? Popularidade? Status? Bem, com certeza existe um motivo!

E finalmente Lauren Walter, esnobe, sempre na moda, sempre mandona, e perfeitamente linda e bem arrumada em qualquer ocasião, sempre faz o que quer na hora que quer, ou pelo menos ela acha que deve ser assim. Vários meninos gostam dela, mas esses "vários" são aqueles que não a conhecem de verdade, o que não é o caso de  Theodore e Scott. Lauren não se importa com os outros, uma prova é a frase dela: "Amigas de verdade são aquelas que tem utilidade para mim, que só se importam em ser a minha amiga e de mais ninguém, a não ser que também seja minha amiga. Garotas que não são assim, não são minhas amigas mas sim coleguinhas ou puramente de uma classe inferior em que são denominadas plebeias." Parece loucura, mas ela é assim, e as amigas delas andam com ela mesmo assim, se bem que eu sempre achei que Angela tivesse um pouco de arrependimento por causa disso. Voltando a Lauren, ela também tem uma queda pelo Hiiro, e parece levar o fato de ter concorrência bem a serio, como já devo ter citado para vocês em muitas ocasiões. Eu andei observando isso e percebi que ela só tem uma queda por ele, mas ela acha que é amor verdadeiro.
Se bem que eu não posso falar nada afinal eu também estou gostando do.....
Enfim, encontramos as 3 em frente a um salão de beleza discutindo algum assunto relacionado a revista capricho, aberta, que Lauren tinha em mãos. Foi quando a Lauren percebeu a nossa aproximação... Ou melhor a minha aproximação.
Eu queria passar despercebida, mas ai ela começou:
- De boa Yasashii, depois de uma humilhação em publico, como consegue mostrar essa cara nas ruas? - Lauren começou.
- Você não precisa de permissão para ser tão feia? - Comentou Ângela, em um tom mais baixo. Como eu disse ela precisa apoiar a Lauren.
- NOSSA! Eu comprei exatamente a mesma blusa que ela tá usando! Num pet shop, para meu cachorro. - Disse Mariana, sincera mente nem sabia que ela tinha cachorro.
E como já não bastasse, Lauren acrescentou:
- Ela se acha tão gata. Na boa, ela é a prova de que um saco de estrume pode criar pernas e braços e sair andando por aí.
Essa ultima frase foi o suficiente para fazer a Tiffany ter um ataque de raiva. Mas ela não usou a violência, usou a inteligência e o bom argumento, ou parecia um bom argumento para ela.
- Lauren, a Yasashii nunca se achou gata o que esta acontecendo é que você esta com inveja dela! - Tiffany exclamou e apontou para mim - Vê?  Nenhuma maquiagem, gloss ou rímel, nem mesmo roupa de grife e mesmo assim ela é bonita e sempre muito bem vestida. Agora você Lauren, há! Esta sempre cheia de pós na cara toda, usando essas roupas caras, vive fazendo tratamentos no cabelo para ele adquirir esse brilho, coisa que a Yasha tem por natureza! - Lauren fez a expressão de: "Como ousa...?" - Yasashii é 90% linda por natureza, ao contrario de você que é 90% artificial!
Fiquei boquiaberta, olhei para Lauren, ela olhou para mim mordeu o lábio inferior tentando organizar os pensamentos. Então ela olhou pra mim com um olhar ameaçador, se virou e saiu andando.
- Tiffany, você acabou de condenar a Yasashii! Lauren vai fazer alguma coisa com ela! - Disse Agatha preocupada
- Isso tem que acabar! Só porque Lauren tem uma ajuda da Mariana, não quer dizer que a gente tem que ter medo dela! Por isso que ela se acha a manda-chuva do pedaço!
Tiffany tinha razão, mas o fato da Lauren ser perigosa também tinha razão.
- É, mas esqueceu das outras meninas do colégio. - Comentou Agatha.
- Einh? - Perguntei confusa
- Sabe o que é.... - começou Tiffany - é que a maioria das meninas estão com inveja de você. Eu sei que Hiiro a dispensou, mas Yasha, você foi a primeira pela qual ele mostrou algum interesse - por um momento eu me senti honrada, mas logo passou - as outras meninas estão se perguntando sobre o que você tem que elas não tem.
- Entendo.... - Falei por fim, dando um fim ao assunto e continuando o passeio.
Não aconteceu mais nada de mais, só o fato de eu ter tropeçado 4 vezes na calçada, e 2 vezes eu cai. Quando voltei para casa Simon estava quase que desesperado por causa da minha demora, me desculpei por isso. Eu sei que não fazia sentido, mas até eu estava assustada.
Meu quarto estava arrumado, quase do mesmo jeito que eu tinha deixado bem antes de eu dormir ontem a noite. Agatha ficou comigo, para me ajudar com os deveres de casa, quando começou a anoitecer ela se despediu e foi para casa, aproveitei para ficar na internet até a hora do jantar esta noite Simon decidiu pedir uma pizza o que foi bom para mim, fazia tempo que eu não comia pizza. Depois de comer umas 3 fatiais e meia - eu não tinha almoçado, só tomado um café da manhã rápido e depois disso só tomei água e um suco de goiaba - eu já estava satisfeita e dei boa noite para Simon e me arrumei para ir dormir, como meu estômago ainda estava digerindo a comida, e não se pode estar com o estômago pesado na hora de ir dormir, eu peguei meu notbook e fiquei navegando na internet, quando lembrei de uma folha, com algo que teria amanhã. Puxei minha mochila e vasculhei dentro dela até encontrar um papel que Tiffany e Agatha haviam me entregado no sábado. Era sobre o fato de que amanhã estaria aberta as inscrições para aqueles que quiserem ajudar na arrumação do baile dos alunos. Joguei o papel pra longe, amanhã eu volto a escola, então tenho que estar pronta para o que vier.
Deitei na cama e percebi que chorava. Meu ódio pelo Hiiro passou, agora só me restou a tristeza e o meu estúpido sentimento por ele. Não é fácil como eu pensava, que era só ignora-lo, se ele ainda existe e eu ainda o verei novamente, amanhã tenho biologia e esta é a pior aula pois é a unica aula que eu tenho com ele. Eu só apaguei a luz e dormi com o travesseiro na cara. Talvez eu morresse de asfixia, quais as chances?

Não encontrei a Tiffany hoje no caminho para a escola, na verdade nem Agatha eu achei, perguntei para os meninos e eles disseram que Agatha tinha ido para a biblioteca procurar alguns livros novos para ler e Tiffany tinha ido com ela. Achei esquisito a Tiffany se interessar em livros em vez das revistas de fofocas. Bem, no fim fiquei sozinha e Scott se ofereceu para me acompanhar até minha aula de biologia, ele tagarelava sobre tanta coisa que não absorvia direito as palavras, só balançava a cabeça e respondia o que eu conseguia entender. Parei em frente a porta da minha, tão assustadora, aula de biologia.
- Então.... Nós vemos.. - Disse Scott, meio sem jeito e sorrindo para mim.
- Claro. - Respondi, sorrindo para ele também.
Logo ele se virou e seguiu seu caminho. Respirei fundo, trancando todo o ar nos meus pulmões, e abri a porta, soltando todo o ar que prendia de uma vez. Hiiro não estava lá. Tiffany estava mas ela conversava com a parceira dela, uma garota chamada Sandra Bertoli. Eu até pretendia dar oi para Tiffany, mas desisti quando Sandra me olhou pelo canto dos olhos. Eu senti que era melhor eu não ir lá, e quando eu sinto algo é melhor acreditar, estou 98% certa. Além de que Sandra não parece gostar de mim, mas isso não tem nada a ver com Hiiro, ela me odeia desde a primeira Ed.Física que tivemos juntas e eu tropecei em meus próprios pés, caindo em cima dela e fazendo ela perder a bola para as garotas do time adversário, se não me engano era handebol.
Voltando a biologia, a aula já tinha começado e nenhum sinal do Hiiro, para meu alivio. Mas Sandra, que me odeia, tinha que perguntar - Sr.Banner, você sabe onde esta Hiiro?
Maldita dos Infernos! Por pouco (muito, muito pouco) eu não levantei da cadeira e pulei no pescoço da Sandra.
- De acordo com o que me disseram ele não esta em condições de assistir as aulas hoje. Porque pergunta Srª.Bertoli?
- Nada, professor, só curiosidade. - Respondeu a Sandra, como se não tivesse segundas intenções com aquela pergunta.
O Sr.Banner assentiu, e antes de se virar de volta  a lousa deu um breve olhar na minha direção. Aposto que ele já deve ter percebido o que a Sandra queria. Enfim, as aulas pareciam voar de tão rápidas que estavam sendo para mim, percebi que Scott passava mais tempo comigo do que de costume. Na hora do almoço é que eu percebi a grande diferença, Tiffany trouxe a nossa mesa Sandra, que cumprimentou a todos, menos eu, para mim ela só deu aquele olhar de "olha se não é aquela garotinha insignificante". Tiffany conversava comigo mas parecia pouco a vontade, e quando Scott se virava para falar comigo ela parecia se segurar para não fazer uma careta. Nem precisei perguntar para Agatha o que estava acontecendo, os sorrisos, as conversas freqüentes, o fato de querer me acompanhar para onde eu vou, estão deixando visível que Scott esta se interessando por mim, e isso não esta deixando Tiffany feliz, nada feliz. Por isso ela esta "me evitando", conversando com a Sandra, que me odeia, provavelmente para ela apoiar Tiffany e seu ódio interno por mim. O que Agatha não faria, ela é praticamente uma pacifista e tentaria fazer Tiffany entender que a culpa não é minha, mas Agatha esta mais interessada nos livros e a passar o tempo com  Theodore, o que mostra que ela esta gostando dele, o que é bom para os dois lados já que desde o começo ele é apaixonado por ela.
Não pode piorar!, pensei.
Tarde demais, quando eu vi chegava Douglas se sentando junto conosco. Douglas quase me atropelou, e agora ele quer me recompensar pelo ocorrido. Ninguém merece! Enquanto a conversa corria solta e eu boiava, dei uma espiada por cima do ombro e notei que a mesa dos Kyuketsuki tinha dois novos membros:


- Quem são aqueles? - Perguntei.
- São Takashi e Haruko, os outros irmãos do Hiiro. - Falou Agatha
- Eu nunca os vi antes. - Disse. Não sei o que Takashi significa mas Haruko quer dizer algo como "filha da primavera", um nome muito bonito.
- Você entrou na escola a algumas semanas depois que as aulas começaram Yasha, por isso não os viu, os dois estavam sumidos porque parece que tinham assuntos a tratar no exterior. A escola deixou eles faltarem por todos esses dias por que o Dr.Kyuketsuki salvou a vida da esposa do diretor, então eles só precisaram fazer uma prova para recuperar os pontos que perderam. - Respondeu Scott, e mais uma vez a Tiffany ficou inquieta e contorcendo os lábios.
Ignorei as conversas que circulavam nossa mesa, não deixava de observar os Kyuketsukis, mas desta vez com mais atenção. Taiyo era do tipo grandalhão, musculoso, com o cabelo avermelhado enquanto Takashi era mais alto, mais magro e com o cabelo loiro mais lindo que eu já vi até hoje. As meninas eram outra história, Yuki era alta e estrutural. Linda, do tipo que  fazia toda garota perto dela sentir um golpe na auto-estima só por estar no mesmo ambiente. Haruko era mais baixa, e parecia uma fada, magra, com feições miúdas. O cabelo era preto, curto, picotado e desfiado por todas as direções.
Eu fiquei ali, olhando porque seus rostos, tão diferentes, tão parecidos, eram completa, arrasadora e inumanamente lindos. Eram rostos que não se esperava ver a não ser talvez nas páginas reluzentes de uma revista de moda. Ou pintados por um antigo mestre como a face de um anjo. Era difícil decidir quem era mais bonito - mesmo que meu coração falasse somente um nome, eu ignorei.
Todos pareciam distantes - distantes de cada um ali, distantes dos outros alunos, distantes de qualquer coisa em particular, pelo que eu podia notar. Enquanto eu observava, Haruko se levantou com a bandeja - o refrigerante fechado, a maçã sem uma dentada - e se afastou com passos longos, rápidos e graciosos apropriados para uma passarela. Fiquei olhando, surpresa com seus passos de dança, até que ela largou a bandeja no lixo e seguiu para a porta dos fundos, mais rápido do que eu teria pensado ser possível. Pensei tanto sobre a familia Kyuketsuki, que minha mente vacilou em Hiiro, uma metade de mim estava feliz por ele não estar aqui, mas a outra metade estava triste, preocupada e desejando vê-lo novamente. Essa é a minha metade que eu mais odeio. O dia foi lento, se levarmos em conta que toda vez que eu ia falar com Tiffany, Sandra já estava lá me fuzilando com os olhos; Scott não me deixava sozinha nem por um segundo, a unica coisa que o afastava eram as aulas e quando eu ia pro banheiro; E finalmente eu tive que ir sozinha pra casa, porque Sandra e Tiffany não se desgrudavam, que isso? Colaram elas com Super Bonder?! Credo! Ao chegar em casa Demo pulou em cima de mim como de costume e eu fiquei feliz como de costume. Pelo menos alguém me entendia. Porque as segundas-feiras parecem dizer: "Não se preocupe, vai ficar bem pior!"? Pelo menos amanhã é um novo dia, então alguma coisa pode mudar! - pensei.

Terça-feira, e eu acordei cheia de esperanças. Estava bem alegre no café-da-manhã e isso deixou Simon feliz, sai até primeiro que ele hoje. Não me importei em não encontrar Tiffany no caminho, sabia que ela estava com Sandra, então era melhor eu nem procura-la, quem me cumprimentou foi Agatha mas ela parecia meio preucupada.
- O que foi?
- É que...... Yasha, acho melhor você respirar fundo.
- Tu-tudo bem.. - Gaguejei
"Ah não! Lá se foi minha terça-feira!"-Pensei-"Logo hoje que eu estou de tão bom humor e cheia de auto estima?"
Agatha me observou por um tempo, se certificando que eu estava pronta. Eu lembro de todos os detalhes daquele dia infernal. Entramos no colégio, o lugar estava meio vazio afinal o pessoal gosta de ficar mais ao ar livre, Agatha estava a dar passos curtos e lentos, como naqueles filmes de terror quando a pessoa sabe que algo ruim vai acontecer e quer se afastar mas sabe que não existe volta, eu senti um calafrio e foi nesse momento que eu percebi que as coisas só estavam indo de bom a ruim. Fomos até o lado sul do refeitório onde tem aquelas mesas de piquenique a céu aberto, Agatha sentou-se em um deles, mesmo que eles estivessem meio molhados. Ela fez um gesto com a mão, pedindo para eu me sentar a sua frente, eu obedeci, e esperei.
- Yasashii - eu fiquei preocupada quando a ouvi pronunciar meu "primeiro" nome completo - antes de olhar, respire outra vez e continue até tenha certeza absoluta - essa ultima palavra ela pronunciou cada sílaba devagar e então continuou - que esta preparada.
Já sentia meu estômago formigando, a ponta dos dedos pareciam mais gelados e eu senti todo o meu corpo tremer. Quando eu sinto as coisas ruins tem uma coisa interessante que sempre acontece: quando "a coisa ruim" esta perto demais eu tenho essa reação. Respirei fundo umas 3 ou 4 vezes e disse que estava pronta. Agatha pediu para eu olhar para trás.
Naquele momento eu tive uma visão do inferno.
A alguns bancos de distância estava Hiiro e Lauren, na mesma mesa, sentados juntos, lado a lado e conversando. O apocalipse aconteceu.
- Lauren? - Voltei rapidamente a olhar para Agatha - E Hiiro? Lauren e Hiiro? Juntos?
- Não exatamente juntos, como você diz, mas desde manhã ele estava procurando ela e depois eles vieram pra cá e estão até agora conversando.
- Não pode ser.... Tudo bem, ele me deu um fora mas a Lauren?? Porque justo ela??
- Também achei estranho, dois anos e só agora ele se interessou por ela. - A parte "Se interessou por ela" me fez sentir uma adaga sendo cravada em meu coração. - Yasha, disfarça eles estão levantando e provavelmente vão passar por nós.
Abaixei a cabeça, fingindo olhar para alguma coisa, oculta aos outros pelo meu cabelo, os dois passaram por nós em direção a frente da escola. Eu observei Hiiro se afastando com a (argh!) Lauren tagarelando alguma coisa, pelo menos ela estava tão distraída com Hiiro que nem percebeu Agatha e eu. Quando percebi, meu coração doía e as lágrimas escorriam sem parar, e eu comecei a soluçar, então coloquei as mãos no rosto e começei a falar o que vinha pela minha cabeça:
- Como ele pode fazer isso comigo? Já não bastava aquele dia? Porque....Hiiro porque você me odeia tanto.....?
- Yasha! - Agatha já tinha se levantado e se sentado ao meu lado alisando meu cabelo, mas ela não falou nada. Não havia nada que pudesse ser dito.
E as coisas continuaram indo de mal a pior: Hora do almoço, Scott sentado ao meu lado Tiffany ao lado da Sandra, se segurando para não levantar e arrancar o Scott de mim, Agatha e Theodore normalmente conversando ignorando os outros, e Douglas que agora se tornou insuportável, eu acho que foi a 765º vez que eu disse que estava tudo bem e que ele não precisava retribuir a mim por causa do acidente. As vezes eu olhava por cima do ombro, Hiiro distraído sentado junto aos irmãos, e sempre que eu fazia isso meu estômago formigava, meus dentes trincavam, e meu coração acelerava.
- Estão ouvindo o boato? - Começou Sandra, olhando na minha direção. - Parece que Lauren e Hiiro andam conversando, depois de tanto tempo parece que ele notou a presença de alguma menina. - Sandra falou de uma forma como se eu não existisse, ou pior, como se eu não fosse uma menina.
- Não é boato, isso esta mesmo acontecendo. - Falou Tiffany como quem que não quer nada enquanto segurava um espelho e checando a maquiagem. - Só que ao que parece é só um trabalho que os dois vão fazer juntos na aula de inglês por isso.
- Talvez.....- Sandra continuou com sua tortura - Mas o que não pode nos dizer que não existe uma química entre os dois? - Minhas mãos começaram a coçar, como eu estava com vontade de bater em alguma coisa que tivesse a cara da Sandra - Ou talvez é só um jeito que o Hiiro tem de se aproximar de uma garota? O que você acha disso Yasashii?
Engoli seco, mas Scott foi rápido - Ninguém quer ouvir suas perguntas desnecessárias Sandra!
- Mas eu estou. - Falou Tiffany, demonstrando que sua raiva esta transbordando.
- Então que Sandra pergunte a você, porque a Yasha não quer saber disso. - Rebateu Scott encarando Tiffany, eu podia jurar que dava para ver fumaça saindo das orelhas dela. Mas ela logo desviou o rosto e começou a falar com Sandra. Precisava agradecer ao Scott por isso.
Eu olhei para a mesa da Lauren para me certificar que ela não estava prestando atenção em mim, na verdade ela estava tão distraída com o celular, passando mensagens para as amigas dela que estavam bem do lado dela. Então dei minha olhada por cima do ombro, mas desta vez os meus olhos encontraram os do Hiiro. Ele estava com os braços cruzados por cima da mesa e a cabeça deitada neles, e me observava com seus olhos azuis celeste. No momento que nossos olhares se encontraram eu congelei mas fiquei firme e confiante que talvez ele desviasse, mas ele fico ali, parado, me olhando com atenção. Eu consegui desviar quando senti as lágrimas se acumulando nos olhos. Fui trocada por uma garota mimada como a Lauren, mas isso não importa né? Afinal em nem gosto mais do Hiiro, só continuo loucamente apaixonada por ele. Droga.

Em casa a depressão estava em dobro, fiquei a maior parte do tempo deitada no sofá vendo televisão, só sai para preparar o jantar, eu até assistia os jogos com Simon mesmo que eu não entendesse quase nada que estivesse acontecendo. O resto da semana foi uma tortura enviada especialmente para mim, e Sandra só piorava tudo. No final de semana fiquei em casa, choveu forte no sábado e no domingo então eu realmente não tinha o que fazer. Na segunda percebi que a escola já estava toda cheia de cartazes falando sobre o baile dos alunos, e boas notícias são as meninas que devem convidar, isso pode me evitar de muitas complicações. Lauren jogava todo seu charme em Hiiro, mas como a Tiffany falou, ele só deve estar interessado em fazer o trabalho de inglês. Mas isso não quer dizer que eu o perdoei, muitas outras coisas estão me dizendo para ficar longe dele. Terça, quarta, quinta e sexta passaram rápido como de costume, na noite de sexta-feira eu estava quase dormindo enquanto decidia o que faze no outro dia. "Se não chover muito acho que vou dar um passeio."- Pensei -"Sim! Um passeio na floresta seria ótimo! Afinal o que poderia acontecer?!". Eu sorri, feliz com minha idéia e adormeci em seguida.
Mas eu devia ter lembrado que quando se fala, pensa ou comenta a frase: "O que poderia acontecer", ai sim alguma coisa vai acontecer.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 14 - Distrações

Por sorte a minha próxima aula ia ser justamente a de história. Isso vai me poupar do fato de ter que sair de novo para outra sala, e enfrentar os diversos olhares que vou ter que enfrentar lá fora. Mais sorte ainda foi Agatha, que também ia ter aula de história no mesmo horário, assim pude ter uma companhia agradável. As aulas foram calmas para mim, ninguém me perguntou nada, ninguém falou nada comigo, só mesmo Tiffany, Agatha, Scotty e Theodore que estavam indignados com o ocorrido. Fui chamada para a secretaria, e não, eu não levei bronca nenhuma como devem estar pensando, só que nessa situação, de eu chegar ao ponto de fazer o que fiz, significa, para a escola, que estou tendo alguns problemas com alguns dos estudantes. No meu caso são duas pessoas em particular e se bobear posso estar com problemas com 2 irmãos adotivos e duas amigas de uma certa garota.
- A direção da escola conversou um pouco sobre o assunto... - A moça da secretaria começou a falar enquanto terminava de imprimir um papel - E decidiram que é melhor você ficar uns dias sem vir a escola, para ver se consegue diminuir essa "nuvem de tensão". - A mulher pegara a folha que imprimiu e entregou a mim.
Eu li e depois exclamei. - Quatro dias? Então vou ficar o resto da semana afastada!
- Acha que vai conseguir pegar as matérias?
- Sim, vou, minha amiga pode ir lá em casa e me passar os deveres.
- Que bom. Aliais, a escola também já falou com seu pai sobre isso, e acho que você deveria conversar com ele.
- Ah.... Tudo bem então.... - Tentei não demonstrar frustração, coloquei a mão no lado pescoço e inclinei um pouco a cabeça pra trás e inspirei todo o ar dos pulmões.
A moça da secretaria estava atendendo a um telefonema, e então fui até a janela e vi, tudo nublado e chovendo, combinando com a minha situação não?!
Era exatamente a hora da saída quando me liberaram. Não dei olhar pra ninguém, Tiffany me acompanhou com a postura de um guarda-costas e com aquele olhar de: "Se perguntar algo eu mato".
Atravessamos o estacionamento para falar com o pessoal. Deixei meu cabelo cair a minha esquerda, e assim, por entre o mesmo, observei Hiiro a uns 5 carros depois, seus dois irmãos estavam de costas para mim, conversando com ele, que estava encostado no eclipse prateado, braços cruzados e olhando pra baixo. Mas quando vi ele levantando a cabeça na minha direção desviei o olhar. Nem deu para ver a expressão no rosto dele. Mesmo assim eu não queria que meus amigos percebessem. Na volta para casa, Tiffany continuava a falar sobre o assunto, falando mal do Hiiro e como ela queria dar uma surra nele, também falou da Lauren, e a xingou até não poder mais por ela ter pego o celular dela e feito o que fez. Até que isso me animou um pouco.
Em casa, eu preguei o papel que falava sobre meu afastamento na geladeira. Subi as escadas e joguei a minha mochila no chão, nem liguei. Entrei no chuveiro, esperando que a água levasse tudo isso para longe de mim. Amarrei a toalha em volta do meu corpo e outra toalha nos meus cabelos, andei até meu quarto e sentei na cama, olhando para o corredor com a porta aberta, Simon não estava em casa. Demorei alguns minutos até reorganizar os pensamentos o suficiente para levantar e vestir uma roupa. Descalça, desci ao primeiro andar. Me surpreendi com uma caixa bem no meio da sala, era grande cheia de furos nas laterais, e um papel em cima escrito:
"Para você minha princesinha da neve, ele estava com tanta saudade quanto eu. 
Abraços, tio Fred."

Fred é o irmão da minha falecida mãe, e os cães de trenó da minha mãe ficaram com ele. Vi outro bilhete, desta vez de Simon, que dizia que não tinha problema em ficar com ele. Mas de quem estão falando? Foi nesse momento que ouvi um latido, e foi nesse ponto que eu abri um largo sorriso. Abri a caixa e um Husky Siberiano, preto e branco de olhos azuis, pulou em cima de mim.
- Demo!! Que saudade!! - Disse, enquanto ria e acariciava o meu cachorro favorito, dentre todos que minha mãe tinha.
O Demo, de alguma forma, sempre foi o mais querido por nós. Ele té apegado a mim de tal modo, que não me surpreendo dele estar fazendo essa "festa" toda com nosso reencontro. Tio Fred também foi muito legal em mandar algumas coisas do Demo, como a guia dele mas vou ter que achar uma coleira com identificação apropriada para ele.
Acariciando o pelo do pescoço dele, disse. - Titio Fred te enviou em boa hora.... Preciso mesmo de uma companhia para o resto dessa... Terrível semana.
Passei a maior parte do dia mostrando a casa para Demo, e dizendo pra ele aonde não podia entrar. É claro que eu falava até ter certeza que entendeu, o que não foi difícil parece brincadeira, mas Demo é um daqueles cães super inteligentes e muito bem treinados. Se bem que ele as vezes parece inteligente até demais.
Estava anoitecendo, mais ou menos 6 ou 7 horas da tarde/noite. Tratei de ir a loja de animais comprar a ração do Demo e talvez alguma coisinha ou outra. No caminho meu estômago formigou ao ver Lauren e suas duas amigas Ângela e Marina, eu as ignorei, mas quando elas me viram entrando na loja de animais ouvi a voz de Lauren.
- Desista Yasashii ninguém vai querer comprar você.
- Comprar? Eu acho que nem adotar alguém iria querer ela! - Disse Marina em um tom zombeiro.
Eu tentei ignorar isso.
As três ficaram do lado de fora rindo da vida antes de irem embora.
- Vida difícil? - Falou o atendente
- E você não tem ideia... - Respondi
Voltei para casa triste, mas como falam, os animais, principalmente cães, ajudam muito para tirar a solidão e também em nos deixar mais felizes, e ao ver Demo eu fiquei muito feliz. Coloquei a comida para ele e comecei a fazer o jantar antes que meu pai chegasse.
Quando ele chegou, não comentou nada sobre a escola, ainda. Na hora em que estávamos comendo Simon começou:
- O que te fizeram?
Engasguei um pouco por ele ter me pegado de surpresa, mas respondi. - Nada de mais....
- Mas você deu um tapa na cara de um aluno Yasha!
- Esta com raiva?
- Talvez, mas de qualquer forma entenda que não precisa fazer isso Yasha, é para isso que eu estou aqui. Agora, da próxima vez venha falar comigo antes de fazer o que fez.
- Sim papai... - Falei, abaixando os olhos para o prato.
Simon deu um leve sorriso, querendo aliviar o desconforto do sermão - Mas vejamos pelo lado bom, você tem capacidade de se defender até certo ponto.
- Isso mesmo pai, "até certo ponto" - Lembrei da noite em que fui cercada por aqueles homens e... Hiiro me salvou. 
Quando eu pensei nisso eu mordi o lábio inferior e o expulsei de minha mente. Na hora de ir dormir, eu só pensava no que tinha acontecido mais cedo. Rolei para a beira da cama para acariciar Demo, que estava dormindo no tapete bem ao meu lado. Deixei uma lágrima cair e então adormeci.
Acordei sem vontade de nada, nenhuma. Não sabia o que fazer, mais uma vez Simon tinha ido embora para o trabalho mais cedo, ele esta tendo mais casos ultimamente, depois do café fiquei andando pela casa, até que Demo me deu uma idéia. Ele pegou a guia e me entregou e foi até a porta, ele olhava pra mim e para a porta.
- Então tá, vamos passear. - Falei com um sorriso no rosto.
O dia estava nublado mas sem previsão de chuva, andei pelos arredores de Forks, e perto da floresta mas Demo se recusava ir até lá, sei que é alguma coisa mas estou ignorando. A maioria das pessoas olham para mim, por causa do Demo afinal ninguém em Forks tem um Husky Siberiano. Estava tudo indo bem, só que encontrei Tiffany no caminho e ela acabou me convencendo de acompanha-la até o colégio. E como os outros habitantes de Forks, todos no estacionamento do colégio olhavam para o Demo e para mim, mas o ele estava olhando para uma unica direção. Tentei acompanhar o olhar dele e tremi ao perceber Hiiro olhando pra mim, sua expressão era ilegível. Eu não tinha certeza do que ele poderia estar pensando.
Desviei o olhar rápido, me despedi dos meus amigos e continuei meu passeio, foi quando me passou pela cabeça a ideia de ir ver Simon e perguntar porque ele anda tão ocupado ultimamente. Ao chegar na delegacia eu amarrei Demo em um poste e o mandei ficar quieto. Ele sentou obediente, beijei a cabeça dele e entrei na delegacia. Meu pai estava conversando com um amigo dele, que vive na reserva, seu nome é Jonas. Lembro de quando vinha para Forks as vezes ele e meu pai se reuniam para ver o jogos ou para pescar. Eu ficava brincando com o filho dele, éramos muito próximos mas depois que minha mãe teve seu primeiro ataque cardíaco eu fiquei com muito medo de ir ver meu pai e quando voltar minha mãe não estar mais viva, isso faz muito tempo qual era mesmo o nome dele...
- Yasha!! - Alguém me chamou, o que me fez olhar para o lado, e vi um rapaz que aparentava ter a minha idade.


- Ah... Oi? - Perguntei
- Não se lembra de mim Yasha? Sou eu, Tsume!
Coloquei a mão na testa. - É claro! Tsume, Garras em japonês! Como pude esquecer de você? - Falei isso e o abracei.
- Que saudade de você Yasha, quando a vi entrando, eu não acreditava que era você. Cresceu bastante desde a ultima vez.
- Nhé, eu não vou ser tampinha pra sempre né! - Brinquei.
- Parece que não precisamos mais de apresentações por aqui. Não é? - Falou Simon.
- Engraçado, Yasha não deveria estar na escola? - Perguntou Jonas.
- É que eu tive um... desentendimento com um colega e decidiram me afastar esta semana, para que as cosias se acalmem.
- Como assim desentendimento? - Perguntou Tsume, curioso.
- Dei um tapa na cara de um garoto. - Falei, na maior tranquilidade.
- Quem foi?
- A curiosidade matou um gato Tsume.
- Ah! Yasha!
- Desista Tsume, quando Yasha não quer falar, ela nunca fala mesmo. - Disse Simon.
Acabei ficando algum tempo conversando, quando me lembrei do Demo lá fora e disse que tinha que ir para casa, o pobrezinho estava lá fora sem água e eu ainda tinha que dar comida pra ele. Simon ainda ia ficar na delegacia, então acho que quando chegar em casa posso ter meu momento de depressão. A conversa sobre o motivo de meu afastamento escolar me fez lembrar do Hiiro de novo.... Que Infortúnio. Tsume me acompanhou até o lado de fora, foi quando Demo viu ele e rosnou.
- Demo! Tsume é amigo! - Falei, mas Demo parecia me ignorar.
- Isso é estranho, Huskys Siberianos são umas das raças mais próximas dos lobos.... Como ele pode me estranhar....? - Perguntou Tsume com aquela expressão séria misturada com confusa.
- Você vive na reserva e tem contato com lobos não é mesmo?! - Falei, afinal essa seria a resposta mais lógica para o que ele falou.
- É..... Eu passo bastante tempo... Com lobos... Não esperava que o Demo fosse me estranhar assim. - Tsume continuava a olhar Demo, que por sua vez continuava a fazer sons de ameaça.
- Me desculpe por isso Tsume, acho que ainda tenho que ensinar algumas coisas ao Demo.
- Talvez... Até mais Yasha, foi bom te reencontrar!
- Eu digo o mesmo Tsume! - Dei um sorriso e acenei.
Ao chegar em casa, e o coitadinho do Demo bebeu tanta água que fiquei com pena dele, e até pedi desculpas por ter demorado. Coloquei a comida pra ele, peguei um saco de batata chips, coloquei uma blusa e um short mais leves para usar dentro de casa. E por mim, me enfurnei no computador. Navegando na internet, baixando musicas, conversando no msn, lembrando do Hiiro.... Já vi que vai ser mais difícil do que eu imaginei livrar meus pensamentos dele.
Foi tudo normal como sempre, e no dia seguinte estava chovendo tão forte que não achei necessidade de sair de casa. Quinta-feira, era dia de eliminatórias, e então Jonas veio aqui em casa. Enquanto Jonas e Simon assistiam televisão lá na sala, eu e Tsume ficamos conversando do lado de fora, relembrando o passado e nos atualizando sobre o presente de cada um. Demo ainda não foi com a cara do Tsume, mas já esta se acostumando. Me lembro que em uma parte da conversa falei sobre o Hiiro e Tsume ficou sério, ele disse que o povo da reserva e os Kyuketsuki não são muito chegados, perguntei o porque mas ele não me respondeu e logo mudou de assunto. Sexta-feira, choveu forte de novo, resultado? Dia inteiro em casa. Sábado, Tiffany veio aqui em casa com Agatha para me trazer os deveres e uma folha sobre alguma cosia que ia ter na segunda-feira, mas nem liguei, ela também me disse que entregaram uma folha de autorização para que os pais aprovem a saída dos alunos a um passeio de campo e que depois quando eu voltasse eu deveria pedir a minha folha de autorização.
Elas foram embora por volta das 5, as 6 eu fui passear com Demo, as 7 eu já tinha tomado um bom banho e estava no computador, as 8 eu tinha começado a fazer o jantar, depois de 8:30 Simon chegou em casa depois de passar uma boa parte do dia tentando resolver alguns casos que estão se tornando freqüentes por aqui, 9 horas eu estava vendo televisão com Simon. Foi as 10 que eu voltei para o computador, quando bateu aquela fome e eu desci para a cozinha e descasquei uma laranja, quando eu fui dividi-la ao meio, acabei deixando o dedo indicador no lugar errado e acabei me cortando. Não foi nada grave mas estava sangrando, então coloquei um bandand, mas o corte atravessava meu dedo, então não estava muito firme.
Fui dormir era quase meia noite. Adormeci logo. Quando era quase um hora da manhã, acordei com um barulho de algumas coisas caindo e quando comecei a levantar a cabeça ouvi minha janela abrindo com tudo, assustada, liguei a luz e dei um grito. A minha estante de livros estava tombava na parede, os livros todos no chão, a janela escancarada, a cortina rasgada como se tivessem puxado com tudo, as folhas e os cadernos que estavam na mesa do computador estavam espalhados. Simon chegou 5 a 6 segundos depois de eu ter gritado, segurando o revolver. Resumindo, puxei um colchão para o quarto do meu pai e dormi lá.
- O que é isso na sua mão? Te machucaram? - Perguntou Simon ao ver meu dedo um pouco manchado de sangue.
- Ah! Fui eu que cortei o dedo pai, hoje quando fui cortar uma laranja. Realmente, o bandand estava mal colocado, deve ter soltado - Falei olhando para o dedo indicador - E pior é que ainda esta sangrando, acho que cortei mais fundo do que eu pensei....
Meu pai ficou mais aliviado quando soube que o machucado não foi feito por alguma pessoa, e sim pelo meu azar. E mais uma vez adormeci me fazendo perguntas, afinal, o que diabos foi aquilo hoje de madrugada?!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Musicas escolhidas.

[POSTAGEM ALTERADA]

Talvez seja besteira, mas eu gosto de fazer isso u.u Esta ai a abertura e o encerramento de Vampire Kiss:
(Obs: Também são as duas primeiras musicas que tocam)
Abertura:   Futatsu No Kodou To Akai Tsumi - On/Off
Encerramento: Decode - Paramore

CAPÍTULO 13 - Decepções

A noite foi... Bem, inesquecível, não ouve nada demais depois do cinema, mesmo assim, depois de chegar em casa e mesmo depois de ir dormir, eu ainda estava nas nuvens.
Acordei na manhã seguinte com uma sensação estranha, de novo, olhei no relógio e quase não pude acreditar, eram 4:50 da manhã. Devo estar ficando maluca pra acordar tão cedo, mas depois que me arrumei entrei na internet e olhei os vôos do aeroporto e tinha um as 5:30 com destino para a Russia e se não me engano a Sibéria é uma região que ocupa a Russia. Isso seria um sinal? Não, claro que não.... Mas eu me lembro que minha mãe sentia quando algo ia acontece antes de uma corrida de trenós ou talvez antes de sair de casa e eu sei que herdei isso dela, mas se eu aprendi algo, é que pressentimentos são o que são, o verdadeiro destino não se acontece por adivinhações e sim por atos. Se bem que os bandidos de ontem a noite corresponderam ao meu mal pressentimento de mais cedo.
Parei de pensar nisso e peguei meu celular, e, adivinha, achei uma mensagem da Tiffany que pelo jeito foi mandada para todos os contatos que ela tem no celular, que devem ser uns trocentos bilhões. Estava assim:
"Galera, deixem o celular com a bateria carregada tenho uma noticia que vai deixar vocês de cabelo arrepiado!!! No momento certo eu vou mandar pra vcs enquanto isso se segurem. ;) "
Naquele momento eu tinha certeza de duas coisas: A primeira é que Tiffany ainda não contou nada, e a segunda é que ainda tenho tempo para bater na cabeça dela com uma pedra na esperança de dar amnésia. Mesmo com esperanças de me livrar dessa eu sei que não tenho esperanças como disse antes estou sentindo isso. Como ainda era cedo pensei em voltar para a cama, mas se eu chegasse beeeem cedo na escola talvez eu conseguisse escapar da Tiffany, pelo menos o suficiente para eu organizar meus pensamentos. Então desci e comi uma tigela de cereais antes de me arrumar e escrever um bilhete para o Simon avisando que sai mais cedo para a escola. No meio do caminho puxei o celular do bolso do casaco e mandei uma mensagem para Tiffany falando que estou indo mais cedo e não vamos nos encontrar na ida como de costume. Peguei o caminho mais longo para dar tempo da escola, no mínimo, abrir.
Resultado? Consegui e fui a primeira de todos os alunos a chegar, feliz da vida, fui para a minha primeira aula. Mas é claro que não vai ser exatamente agora, por isso decidi dar uma volta pela escola enquanto as pessoas chegavam.
A principio só via os intelectuais, tipo, os nerds. Tiffany chegou junto com uma galera bem animada. Até entendo, se você acorda para mais uma manhã entediante no colégio e se depara com uma mensagem no celular prometendo uma super notícia, lógico que até eu teria essa reação. Só não prestei muita atenção nisso porque um certo alguém de uma certa família tinha chegado, eu o observei de longe enquanto fingia estudar inglês. Olhei atentamente para sua expressão e Hiiro parecia estar incomodado com alguma coisa e ao perceber isso mais uma vez senti como se alguém ou alguma coisa estivesse escondida nas sombras esperando para me perfurara com uma faca ou uma espada. Engoli seco.
- Falai Yasha ainda não tomou seu chá de sumiço? - Brincou Agatha
- Ainda não, mas pretendo. - Dei uma risada mas logo voltei para o estado preocupado de antes - Eu sinto que vai dar tudo errado Agatha, estou com medo...
- Calma Yasha...- Agatha tentou me consolar, colocando a mão em meu ombro - Se quiser eu posso falar com a Tiffany e a convenço de desistir disso.
- Não! Tiffany já deixou varias pessoas curiosas, e também não tem problema quanto a isso é só que.... - Abaixo a cabeça respirando fundo.
- Vem vamos, a aula já vai começar - ela mal terminou de falar isso e sinal já bateu
Aulas normais, e eu não tenho biologia hoje. Agatha ajudando Theodore nos estudos, Tiffany pagando pau para Scott, tudo no mundo girando certo. Só não contava com Lauren, foi assim:
Eu tinha ido no banheiro tirar uma tinta que caiu na minha mão na aula de artes, ouvi algumas garotas entrando e, como sempre, sentia que deveria me esconder. Me escondi em um lugar onde nunca iam pensar, no armário da limpeza, assim não a veria suspeitas de alguém escutando a conversa delas.
Era Lauren e suas duas amigas Ângela e Marina.
- Lauren porque esta assim tão nervosa? - Disse Ângela.
- Eu sei o que Tiffany vai contar. - No momento que Lauren disse isso eu engoli seco.
- Serio mesmo?? E o que é? - Perguntou a Marina toda curisosa.
Mas Lauren demorou a responder.
- Essa Yasashii precisa levar uma longa conversa comigo. Pra uma novata ela esta sendo bem inconveniente.... - Pude sentir o ódio em suas palavras.
Eu até acho ela legal, mas o que ela pode ter feito?
- É o sobre o meu Hiiro, Ângela, entendeu? - Ouve uma breve pausa - Ontem eu fui para Port Angeles para comprar algumas roupas novas como devem imaginar. E pelas ruas lá estava o meu amor, pensei em agir só não contava com um..... Pequeno imprevisto. - Mais uma vez silêncio e a respiração profunda de Lauren - Eu vi Yasashii de mãos dadas com o meu Hiiro..... Estão entendendo a gravidade do problema??
- O que vai fazer? - Perguntou uma das amigas dela.
- Primeiro vou esperar o colégio inteiro saber e depois vou decidir o que fazer. - A voz dela já dizia que eu estava com meus dias contados. Ouço o barulho da porta abrindo e fechando. Sai do armário logo em seguida.
- Sim Lauren... Eu entendo a gravidade da situação.... - Falei para mim mesma. Antes de voltar para a aula. Eu só não esperava o que ia me ocorrer.
Hora do almoço, como sempre. Sentei na mesa e conversei com os outros normalmente, pensei em contar para Tiffany sobre a Lauren mas então algo inesperado aconteceu.
- Meu celular sumiu! - Exclamou Tiffany, quase gritando.
Agatha foi até Tiffany e vasculhou a bolsa dela - Tem certeza que não esta aqui dentro?
- Tenho! E até ja tinha feito a mensagem para mandar pra galera! - Quando ela falou isso me senti aliviada. Mas essa sensação logo passou no momento que eu lembrei, que se alguém pegar o celular dela, vai ver a mensagem e pode enviar para todos os contatos.
Eu estava de pé ajudando Agatha a procurar, quando então...
- Yasha...
Olhei para trás, mesmo já sabendo quem era. Sua expressão era séria, o que me deixou um pouco desconfortável. Mesmo sem virar os olhos, percebi que a maior parte das pessoas estava olhando na nossa direção, e eu achei que era ISSO que estava me deixando desconfortável, mas na verdade esse desconforto, como eu deveria lembrar, era sinal de que alguma coisa ruim ia acontecer. Dito e feito:
- Eu não quero mais te ver. - As palavras saíram da boca do Hiiro com tanta calma.
Fiquei parada no lugar sem entender nada, e sem conseguir falar nada.
- Co-como? - Perguntei, por algum milagre consegui falar alguma coisa enfim.
- Foi o que você ouviu, e como eu te dizia antes nós não podemos ser amigos.... Menos ainda ser mais do que só amigos Yasha... - Havia mais certeza nessas palavras do que as anteriores.
Olhei para o chão, minha respiração acelerada, desejando que isso fosse um daqueles sonhos bobos. Olhei para trás, Tiffany estava furiosa, Scott fuzilava Hiiro com os olhos, e Agatha, botou em meu campo de visão o celular dela. A mensagem de Tiffany, e foi realmente enviada para todos os contatos olhei para Agatha, que estava com uma expressão triste, e ela faz um sinal para olhar atrás dela. A umas mesas de distância, Lauren, como celular da Tiffany e sorrindo malignamente para mim. Dei uma boa olhada em volta, as pessoas sussurrando e rindo de mim, com os olhares de "e você acreditou mesmo que tinha chance?!"
Dentro de mim o ódio e a tristeza estavam em uma montanha russa. Eu não sabia o que estava realmente sentindo.
- Só espero que tenha entendido o recado. - Voltei para olhar Hiiro, as lágrimas já tinham escorrido pelo meu rosto, mas eu ainda demonstrava raiva. Ele não viu, estava de olhos fechados querendo dizer: "Não to nem ai pra você".
Assim eu fiz, levantei meu braço até o máximo e desci com tudo no rosto de Hiiro. Todos do refeitório pararam e ficaram espantados como que virão, mais espantado do que eles, estava Hiiro. Não me controlei e falei a toda altura para que ouvissem.
- Então é assim?? Você vem ganha minha amizade e então vem com essa estupidez?? O que você ta pensando?? Que eu sou um brinquedinho seu?? Acha que pode fazer o que quiser? Eu sou um ser humano não uma marionete!!! Se quer brincar com os sentimentos dos outros vá em frente! Tem muitas garotas que servem pra isso, mas eu não!! - As pessoas ao redor pareciam se encolher em seus lugares, e viravam os rostos. Até Lauren ficou sem jeito. Hiiro ainda estava com o rosto virado para o lado, o cabelo escondendo os olhos. - E quer saber? Sou que não quero mais te ver, some da minha vida!!! As coisas já estavam bem difíceis pra mim e você só piorou tudo! Obrigada por nada, se Idiota!!
Sai correndo e chorando, nem liguei para a voz da Agatha me chamando, corri o mais rápido que pude e entrei na sala de história, sentei no chão de cabeça abaixada e chorando.

Não acreditava no que tinha me acontecido, me lembrei que ontem eu estava nas nuvens, e agora estou no chão, o ruim de ficar nas nuvens é isso: Quando você perde essa capacidade de "voar" o tombo é imenso. Me lembro de quando minha mãe morreu, meu coração foi ferido, e esse tipo de ferida que se formou é do tipo que não pode ser curada, ao me mudar para Forks tentei começar tudo de novo, pois para essas feridas a unica coisa que se pode fazer é tentar esquecer, pois com o tempo a dor diminui mesmo que a ferida não desapareça. Pensei que Hiiro poderia me ajudar a esquecer a dor, mas ele só fez outra marca em meu coração, que esta doendo... Doendo muito.

domingo, 19 de setembro de 2010

CAPÍTULO 12 - Suspeitas

Pensei em desviar da mão que se aproximava de meu rosto com as piores das intenções, mas não achava coragem para arriscar. Senti as lagrimas se acumulando nos meus olhos.
A menos de 1 centímetro de me tocar outra pessoa segura seu braço, e pelo grito de agonia que o homem deu, deve ter sido bem forte.
- Meu...Meu braço... Como conseguiu? Argh.. - Foi o que o homem disse antes de voltar a atenção para sua dor.
Derrepente alguém me puxava para perto de si, e eu, me senti segura e muito aliviada. Por pouco não fui vítima de 4 homens mal intencionados. Muito pouco...
- Fiquem longe dela - as palavras de Hiiro cortaram o ar, em um tom de voz ameaçador que me fez tremer. Levantei a cabeça devagar para olhar seu rosto, foi quando vi, seus olhos azuis estavam mais claros como se tivessem uma luz própria, como naquela noite na floresta quando nos reencontramos.
Foi quando meu cérebro voltou a funcionar, então virei o olhar para o homem sentado no chão, com se braço ferido. Mas como? Hiiro realmente quebrou o braço do homem? Ele é tão forte a esse ponto? Não é possível, Hiiro só agarrou o braço dele por alguns segundos, isso foi muito estranho.
-Quem é você pra cortar o nossa diversão? - Perguntou outro homem que se aproximava.
- Se você se aproximar mais um centímetro seu pescoço vai ser o próximo quebrado aqui. - Aquele mesmo tom de voz continuava, e eu estava começando a ficar com medo de Hiiro. O homem que tinha se aproximado olhou o colega com seu braço ferido, e recuou.
Hiiro me puxou pra longe deles,e me senti mais tranquila depois de entrar no carro. Quando Hiiro entrou ele bateu a porta e apoiou o rosto nas nas mãos, escondendo principalmente seus olhos. Talvez eu poderia ter dito algo mas eu aprendi que, em certos momentos, um silêncio é melhor do que palavras. Passamos quase cinco minutos em silêncio total até que finalmente ouvi a voz dele.
- Você esta bem? - Pelo tom da voz pude ver que ele estava mais calmo.
- Estou sim. - Falei observando Hiiro - Mas e você?
- Não muito... Ainda estou tentando me controlar para não voltar até lá e fazer aqueles homens se arrependerem amargamente por terem pensando em fazer tais coisas com você.... - Respondeu ele, e deu pra sentir o leve toque de ira em sua voz.
- Por terem pensado? Como assim? Você por acaso lê pensamentos? - Perguntei um pouco confusa e até certo ponto desconfiada, que talvez Hiiro esconda mais segredos do que posso imaginar.
- Yasha... Por favor, não vamos mais tocar nesse assunto por um tempo ok? - Falou Hiiro, desta vez olhando pra mim, e era impossível desviar daqueles olhos azuis. Percebi que tinham voltado ao normal, mas de qualquer forma eu não creio que foi impressão minha, tem alguma coisa por trás dessa história e eu sei que vou descobrir.
Meus pensamentos voaram para longe, tentando responder as varias perguntas que se formaram sobre Hiiro neste dia. Só voltei a realidade quando, ao sair do carro, fui abraçada fortemente por Tiffany.
- Ficamos tão preocupadas!!!! - Disse Tiffany, quase que desesperada. - Esta tudo bem com você?
- Sim Tiffany esta tudo bem.... - Falei, tentando acalma-la.
- Nossa, que susto você nos deu Yasha!! - Agatha disse, respirando aliviada. - Bem agora que passou, esta na hora de voltar pra outra pessoa não acha?
- Como?
- Não ta na cara Yasha?? - Tiffany fez uma cara de "Hellooo", e quando ela viu que eu ainda não tinha entendido Tiffany segurou meu rosto e virou na direção de Hiiro, que estava a uns três metros de distância, no mínimo, de pé e olhando o movimento na rua. Quando ele me viu sorriu para mim e acenou.
- E não é mesmo? Como fui esquecer? - Falei rápido depois dei um breve tchau para as duas e corri para o lado de Hiiro que pareceu sorrir mais com a minha aproximação.
- Vamos então? - Perguntou Hiiro, pegando minha mão.
- Sim! - Respondi, e sem perceber eu corei um pouco.
Não foi de surpreender ver Tiffany e Agatha na mesma sala de cinema, mas foi uma surpresa ao ver elas sentando 6 fileiras atrás. O começo do filme foi como de se esperar, assassinatos misteriosos, o aparecimento dos heróis, as pessoas da vila duvidando deles mas aceitando por não terem outra escolha e aquilo tudo, até que chegou a parte em que eles entram na caverna do lobisomem. Legal até esse ponto mas aconteceram três coisas: A primeira é que o Lobisomem aparaceu derrepente pelo teto, a segunda foi que ele apareceu bem no meio da tela destacando a si mesmo, e a terceira.... Os caras da produção capricharam no figurino.
Levei um baita susto, mas o pior é que o encosto de braço que deveria estar me separando de Hiiro estava levantado, então nada me impediu de agarrar Hiiro. Eu corei muito e pretendia solta-lo mas então aconteceu a coisa mais imprevisível possível, o braço de Hiiro contornou minhas costas me puxando para mais perto de si. Ai sim, tenho certeza que fiquei vermelha feito um tomate.
Não prestei muita atenção no filme pra ser sincera, estava mais distraída com o fato que se Tiffany falasse tudo isso para a escola eu deveria me mudar permanentemente para a Groenlândia. Foi quando aconteceu, aquelas famosas cenas românticas do filme, quando o herói esta tendo um clima com aquela garota indefesa e muito linda da vila, então vi, o jeito que o cara olhava para garota. A ficha pareceu ter caído, então olhei para Hiiro, que, ao perceber que eu o observava, me olhou do mesmo jeito de quando ele me deixou com Tiffany e Agatha hoje mais cedo e ontem antes de ir embora, logo depois de ter me convidado pra sair, só que ao contrario do filme o sorriso e o olhar de Hiiro eram de certa forma mais lindos, talvez seja porque no filme as pessoas só fingem sentirem algo pelo outro. Com certeza este foi o dia em que minha mente bateu o recorde de perguntas sem repostas logicas ou que fizessem sentido pra mim. Mas a satisfação de saber que, de fato, Hiiro sente algo a mais por mim, fez tudo valer a pena.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CAPÍTULO 11 - Perigo

Eu tinha certeza que estava linda quando Tiffany terminou, nem precisei me olhar no espelho. Mas por precaução eu me admirei por algum tempo. Isso é um pensamento de gente esnobe na minha opnião, mas meu pensamento normal sempre tinha a palavra "Hiiro" no meio de tudo, então era melhor eu ficar com a segunda opção.
- Yasha, adivinha quem esta lá em baixo? - Perguntou Agatha, ela tinha descido para o primeiro andar, e em menos de 1 minuto ela veio com a noticia, mesmo perguntando era muito facil saber de quem ela estava falando. - Ele e seu pai estão conversando bastante.
Senti o meu estômago revirando, afinal todo mundo sabe os assuntos de pais em relação aos filhos, precisei de muito tempo, e dos empurrões de Tiffany para conseguir sair do quarto.
Então lá estava eu, descendo a escada como nos contos de fadas, mas eu me senti descendo direto para meu túmulo. Segunda-feira sera um dia muito agitado, guardem minhas palavras, e Tiffany esta muito presente neste momento é o que mais me preocupa. Desde ontem venho pensado seriamente em pegar minhas coisas e fugir para a Sibéria enquanto ainda há tempo.
Desci o ultimo degrau e tomei folego, Agatha e Tiffany vinham atras de mim me dando apoio moral, mas não acho que funcionou muito.
Logo cheguei até o corredor que levava a porta de entrada, e lá estava, Simon com seu visual casual de fim de semana, e conversando com ele o maior motivo pelo qual ainda perco a respiração, ou seja, Hiiro. Quando eu os vi, tive um impulso de voltar correndo para meu quarto e por em pratica meu plano de fuga para a Sibéria, mas para meu azar Agatha e Tiffany estavam atras de mim então conseguiram me segurar e me empurrar de encontro com o destino.
- Yasha, ai esta você. - Disse Hiiro ao me ver - E você esta linda.... - Hiiro falou enquanto me olhava de cima pra baixo.
- A-arigato.
- Eu estava falando pra ele sobre quando você vinha pra cá nas ferias, lembra Yasha?
- Le-lembro sim pai.... - Corei muito e observei meu pai com um olhar de "Ah. Não. Pai me diz agora que é brincadeira e você não fez isso".
Digamos que minhas férias em Forks não foram as mais atraentes com os vários machucados que tive e porque fiz coisas com a qual tenho vergonha té hoje. Consegui ouvir Agatha e Tiffany segurando o riso atrás de mim, em uma fração de segundos passaram todas as alternativas possíveis de fuga daquela situação, desde desviar de Agatha e Tiffany e correr para o quarto e me trancar lá pelos próximos 20 anos até na possibilidade de aliens me abduzirem naquele instante. As duas me deram um rápido tchau e sumiram porta a fora, achei estranho, conhecendo a Tiffany ela tinha algo em mente. Bom pelo menos não tinha mais ninguém atras de mim, me impedindo de sair correndo.
Mas assim que eu ia me virar, Hiiro pegou na minha mão. Perdi a respiração de uma vez, a pele dele era gelada como a neve, e de alguma forma isso me deu uma sensação estranha muito difícil de descrever.
- Vamos? - Disse Hiiro, sorrindo pra mim.
No estado em que eu estava, só pude responder balançando a cabeça confirmando. Simon abriu a porta e Hiiro me conduziu pra fora.
- Divirtam-se e juízo! - Falou Simon, antes de fechar a porta.
- Juízo? - Perguntei indignada - Meu pai acha que ainda sou criança?
- Ele só esta se preocupando com você Yasha. - Falou Hiiro, e logo depois soltou minha mão. Quando ele fez isso eu fiquei um pouco tonta mas logo voltei ao normal.
Por incrivel que pareça, não pude falar mais nada. Eu sou muito azarada, é fácil pra mim ficar machucada ou ir para o hospital, então a preocupação do meu pai fazia sentido.
No momento em que sentei no banco do carona, senti aquela sensação de que algo ia acontecer outra vez. Passei algum tempo pensando sobre isso quando Hiiro interrompeu meus pensamentos.
- Tudo bem Yasha? - Perguntou ele.
- Estou.... - Tentei disfarçar.
- Então porque esta tremendo? - Eu nem tinha percebido que estava tremendo. Me encolhi no banco.
- É que.... Desde cedo tenho a impressão de que algo vai acontecer... Algo ruim. - A frase saiu com dificuldade da minha boca.
Olhei para Hiiro, e ele estava pensativo. Tentei afastar meus pensamentos então olhei pelo vidro, o céu quase sem nuvens, quando percebi que já tínhamos saído de Forks. Fiquei confusa, mas algumas placas pelo caminho tiraram essa duvida.
- Port Angeles ? - Perguntei.
- O filme "Meia-Noite" esta sendo estreado primeiro em Port Angeles.
- "Meia-Noite"? Título interessante... Como é a historia? - Perguntei, a essa hora aquela sensação já tinha passado.
- Parece que a historia começa com assassinatos misteriosos em uma vila, feitos por algum tipo de besta. Até que o povo da vila se cansa de tantas mortes e chamam um grupo de caçadores de monstros, que a unica missão é caçar e eliminar o Lobisomem - Falou Hiiro. E pelo sorriso dele, percebi que ele deve estar torcendo para Lobisomem morrer - A não ser, que você queira ver outro filme...
- Não, esse filme "Meia-Noite" parece ser bem legal. - Eu disse, enquanto observava o céu quase sem nuvens.
- Tem certeza que não vai ficar com medo? - Perguntou Hiiro
- Claro que não! - Respondi, mesmo tendo algumas duvidas sobre isso. - Onde já se viu, ter medo de uma caça a um lobisomem?! Não se preocupe comigo, eu ficarei bem.
- Então esta bem. - Disse Hiiro com aquele sorriso perfeito que faz meu coração disparar - Então... Quer dizer que a senhorita gostava de brincar na chuva... Sem roupa?
Corei instantaneamente.
- N-N-NÃO!! Fo-foi só três vezes e e-eu era mu-muito no-nova!! - Ah Simon, até isso você contou?
Hiiro começou a rir - Calma, não estou dizendo que você ainda faz isso... Ou faz?
- É claro que não!!  - Exclamei, abaixando a cabeça.
- Não precisa ficar assim Yasha... Só estou brincando. - Hiiro falou, levantando meu rosto com a mão direita.
Aqueles olhos azuis tiraram toda a minha atenção, e a essa altura meu rosto só estava ligeiramente corado.
Não demorou muito para chegarmos em Port Angeles, logo que sai do carro olhei em volta, não sou acostumada com cidades grandes, muito menos a beira do mar. Só que fiquei tão distraída que acabei tropeçando em uma garota, e logo nos duas caímos no chão.
- Gomen... - Ao olhar para a garota, foi impossível não reconhecer aqueles cabelos rosa - Tiffany! Mas que diabos esta fazendo aqui?
- Te seguindo, ué! Quero ter informações mais detalhadas do seu encontro! - Disse Tiffany na maior tranquilidade.
- Não estou tendo um encontro!! - Eu disse, já ficando corada(outra vez). - E cadê a Agatha?
- Ela ficou mais para o lado da Baía. - Falou Tiffany ainda muito tranquila, enquanto levantava.
Logo que eu levantei, e levei um susto ao ver Hiiro ao meu lado bem perto de mim, perto demais, o suficiente para eu começar a ficar sem fôlego.
- O que eu perdi? - Perguntou Hiiro com um sorriso simpático, mas ainda sim, de derreter o coração.
- Só a Tiffany que me seguiu até aqui! - Disse e então tentei me acalmar um pouco, o que eu podia fazer? Tiffany é assim não tem como muda-la. Infelizmente.
- A Yasha, quanto drama! Eu só estou te seguindo um pouquinho idái? - Falou Tiffany, logo depois ela suspirou - Aliais fez o trabalho?
- Aquele sobre partículas sub-atômicas? - Perguntei
- Esse mesmo!
- Sim eu fiz....
- Posso copiar de você? - Os olhos de Tiffany pareciam brilhar.
- Nem pensar Tiffany! Sabe o trabalhão que deu fazer aquilo?
- Yasha... Por favor!! -  pediu Tiffany, com seus famosos olhos de cachorrinho
- E porque não fez?
- Eu tento fazer mas sempre esqueço! - Falou Tiffany
- Esqueçe sem querer ou por querer? - Perguntei para Tiffany, desta vez ela ficou sem saída.
- Porque faz isso comigo Yasashii ? - Ela tentou fugir da situação
Eu ri um pouco.
- Yasha... - Hiiro interrompeu minha conversa com Tiffany - Você e sua amiga parecem ter muito o que conversar, porque você não fica com ela e depois nos encontramos no cinema? - Propôs Hiiro.
- Então tudo bem. - Respondi, enquanto tentava voltar a respirar normalmente.
- Não se preocupe Hiiro, não vou deixar ela fugir! - Disse Tiffany - Agora vamos voltar ao assunto de hoje: Me empresta seu trabalho vai!
Eu estava prestes a bater em Tiffany, quando percebi que Hiiro estava me olhando com aquele mesmo sorriso de ontem, mas logo depois ele se virou e andou para longe.
- Ele parece gostar de você..... - Falou Tiffany, esquecendo do trabalho.
- Que nada, você que pensa Tiffany.
- Eu que pensou? Já reparou o jeito que ele olha pra você? Porque eu reparei, e tenho certeza que Hiiro esta gostando de você Yasha, pode ter certeza disso!
Refleti sobre isso por um tempo mas logo depois apareceu Agatha que estava procurando por Tiffany. Em seguida fomos até o calçadão da praia e ficamos andando por lá, e conversávamos sobre vários assuntos, mas minha curiosidade estava na Lauren, a minha inimiga que eu não pedi, enquanto isso Tiffany continuava tentando me convencer de que Hiiro estava gostando de mim; eu podia dizer um milhão de vezes que isso seria impossível que ela repetia um bilhão de vezes que era verdade. Logo depois de outra dessas discussões, estava quase convencendo Tiffany então ela me logo me lembrou que eu tinha que voltar para o Hiiro. Com as seguinte frase:
- Se não for logo a única faísca de esperança ira se apagar e pode dizer adeus ao amor de vocês!
Usei um folheto para bater na cabeça de Tiffany, que riu. Me despedi delas, mesmo sabendo que se olhasse direito eu ia ver elas no cinema, exatamente uma ou duas fileiras atrás de mim. Não precisava ser vidente para saber disso.
Comecei a andar pela rua, mas meus pensamentos estavam distantes, até demais. Quando voltei a mim mesma, suspirei. Passei os dedos pelos cabelos e respirei fundo algumas vezes antes de virar a esquina. Ao atravessar outra rua, comecei a perceber que ia na direção errada. O tráfego reduzido de pedestres que eu vira ia para o norte e parecia que os prédios aqui eram principalmente armazéns. Decidi voltar para o leste na esquina seguinte, depois contornar após algumas quadras e tentar minha sorte numa rua diferente ao voltar para o calçadão.
Um grupo de quatro homens virava a esquina para onde eu ia, vestidos muito informalmente para estarem saindo do trabalho, mas sujos demais para serem turistas. À medida que se aproximavam de mim, percebi que não eram muitos anos mais velhos do que eu. Brincavam ruidosamente, rindo de forma estridente e empurrando o braço dos outros. Afastei-me mais para o canto da calçada a fim de lhes dar espaço, andando rapidamente, olhando para a esquina depois deles.
- Ei, e aí? - Gritou um deles enquanto passavam, e ele tinha de estar falando comigo, uma vez que não havia mais ninguém na rua. Olhei automaticamente para ele. Dois tinham parado, os outros dois reduziram o passo. O mais próximo, um homem troncudo, de cabelo escuro, de vinte e poucos anos, parecia ser o cara que falou. Usava uma camisa flanela aberta por cima de uma camiseta suja, bermuda jeans ragada e sandálias. Ele deu um passo na minha direção.
- Oi - murmurei, uma reação reflexa. Depois rapidamente desviei os olhos e andei mais rápido para a esquina. Pude ouvi-los rindo a todo volume atrás de mim.
- Ei, espera! - gritou um deles de novo, mas mantive a cabeça baixa e virei a esquina com um suspiro de alívio. Podia ouvi-los rindo lá atrás.
Eu me vi numa calçada nos fundos de vários armazéns de cores sombrias, cada um deles com portas largas para caminhões de carga, trancados a cadeado para a noite. O lado sul da rua não tinha calçada, só uma cerca de tela encimada por um arame farpado protegendo uma espécie de depósito de peças de motor. Eu vagava pela parte de Port Angeles que eu, como visitante, não devia ver. Estava escurecendo mais ainda, percebi, as nuvens finalmente voltavam. Uma van passou por mim e depois a rua ficou vazia.
O céu de repente escureceu ainda mais e, enquanto eu olhava por sobre o ombro para a nuvem degradante, percebi chocada que dois homens andavam em silêncio uns cinco metros atrás de mim.
Eram do mesmo grupo pelo qual eu havia passado na esquina, mas nenhum deles era o de cabelo escuro que falara comigo. Virei imediatamente a cabeça para frente, acelerando meu passo. Um arrepio que não tinha nada a ver com o clima me fez tremer de novo. Minha bolsa estava pendurada no ombro atravessada pelo meu corpo, como usamos para não sermos surpreendidas. Eu sabia exatamente onde estava meu spray de pimenta - na mochila embaixo da cama, a embalagem ainda fechada. Pensei em deixar cair minha bolsa "por acidente" e correr. Mas uma vozinha assustada no fundo de minha mente alertou que eles podiam ser coisa pior do que ladrões.
Tentei escutar atentamente seus passos silenciosos, que eram muito mais silenciosos quando comparados ao barulho tumultuado que fizeram antes, e não parecia que tinham acelerado, nem chegado mais perto de mim. Respirei, lembrei a mim mesma. Você não sabe se estão te seguindo. Continuei a andar com a maior rapidez que pude sem correr, concentrando-me na curva à direita, que agora só estava a alguns metros de mim. Eu podia ouvi-los, ficando para trás, como antes. Um carro azul entrou na rua, vindo do sul, e passou rapidamente. Pensei em pular na frente dele, mas hesitei, inibida, sem saber se estavam mesmo me perseguindo, e aí era tarde demais.
Cheguei à esquina, mas um olhar rápido revelou que era só um beco sem saída nos fundos de outro prédio. Dei meia-volta, cheia de expectativa; tinha que corrigir esse erro apressadamente e disparar pelo caminho estreito, de volta à calçada. A rua terminava na esquina seguinte, onde havia uma placa de Pare. Concentrei-me nos passos fracos atrás de mim, decidindo se correria ou não. Mas eles pareciam mais distantes e eu sabia que, de qualquer forma, não podiam me alcançar. Eu tropeçaria e cairia estatelada se tentasse ir mais rápido. Os passos certamente estavam mais distantes. Arrisquei uma olhada rápida por sobre o ombro e agora talvez eles estivessem a uns dez metros de mim, como vi com alívio. Mas os dois me encaravam.
Parecia que eu ia levar uma eternidade para chegar à esquina. Mantive o ritmo constante, os homens atrás de mim ficando um pouquinho mais para trás a cada passo. Talvez eles tivessem percebido que me assustaram e lamentassem por isso. Vi dois carros indo para o norte, passando pelo cruzamento para onde eu me dirigia, e repirei com alívio. Haveria mais gente lá quando eu saísse dessa rua deserta. Virei a esquina rapidamente com um suspiro de gratidão.E fiquei paralisada.A rua era cercada dos dois lados por paredes sem portas nem janelas. Eu podia ver a distância dois cruzamentos, postes, carros e mais pedestres, mas estavam longe demais. Porque encostados no prédio a oeste, a meio caminho para a rua, estavam outros dois homens do grupo, os dois olhando com sorrisos excitados enquanto eu ficava paralisada feito morta na calçada. Percebi então que não estava sendo seguida.Estava sendo conduzida.Parei por um segundo, mas me pareceu muito tempo. Depois virei e disparei para o outro lado da rua. Tive a sensação desanimadora de que era perda de tempo. Os passos atrás de mim agora estavam mais altos.
- Você aí! - O estrondo da voz do homem atarracado de cabelo escuro abalou a quietude intensa e me fez pular. Na escuridão que aumentava, ele parecia olhar através de mim.
- É - gritou uma voz de trás, fazendo-me pular novamente enquanto eu tentava correr pela rua.- Pegamos um atalhozinho.
Meus passos agora tinham que reduzir. Eu estava encurtando muito rapidamente a distância entre mim e o par que ria. Precisava dar um belo grito e puxei o ar, preparando-me para usá-lo, mas minha garganta estava tão seca que eu não sabia que volume poderia alcançar. Com um movimento rápido, passei a bolsa pela cabeça, pegando a alça com uma das mãos, pronta para me render ou usá-la como arma, o que a necessidade mandasse.O homem atarracado se afastou do muro enquanto eu cautelosamente parava, e andou devagar pela rua.
- Fique longe de mim - alertei numa voz que devia parecer forte e destemida. Mas eu tinha razão sobre a garganta seca, sem volume nenhum.
- Não fique assim, docinho - gritou ele, e o riso rouco recomeçou.
Eu me abracei e separei os pés, tentando me lembrar, em meu pânico, do pouco de defesa pessoal que conhecia. Vire a face externa da mão para cima, na esperança de quebrar o nariz ou enfiá-lo para dentro do cérebro. O dedo no globo ocular - tente enganchar e arrancar o olho. E a joelhada padrão na virilha, é claro. E aí a mesma voz pessimista falou em minha mente, lembrando-me de que eu provavelmente não teria chance contra um deles, e eles eram quatro. Cale a boca!, exigi da voz antes que o pavor me incapacitasse. Andei pra trás, quando derrepente encostei na parede, e então os homens conseguiram me cercar, e eu fiquei sem pra onde ir. Pela primeira vez na vida, eu gostaria de ter meu pai aqui comigo. Ou talvez, eu queria nunca ter vindo para Forks, que minha mãe nunca tivesse morrido. Mas a voz da minha cabeça voltou a falar me lembrando que se eu não tivesse deixado o Alaska eu não ia ter conhecido o Hiiro. Que ódio que eu tenho dessa vozinha na minha cabeça!
Os quatro homens sorriam pra mim de uma forma assustadora, que deixava bem claro as intenções deles, e isso me fez tremer. Quando um deles esticou a braço para me tocar, eu tive certeza que estava perdida.